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@joellobo
Created June 6, 2018 01:47
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O livro Politicamente Incorreto da Esquerda e do Socialismo
O livro Politicamente Incorreto da Esquerda e do Socialismo –
Kevin D. Williamson (2013)
Prefácio
Com quantos pecados mortais se constrói uma utopia paradisíaca
O socialismo já apanhou tanto da história, que inventariar os seus podres pode parecer chute em cachorro morto.
O problema é que o fantasma do cachorro está vivo. E morde. Os socialistas que sobreviveram à derrocada do socialismo,
com o naufrágio de todos os regimes que o adotaram, não perderam o rebolado. Explicam que o socialismo é, por assim dizer,
tudo aquilo que ainda não foi devidamente testado. Em outras palavras: com exceção da vida real, o socialismo é tudo.
O autor americano Kevin D. Williamson resolveu fazer a autópsia da utopia que mobilizou as melhores intenções no século XX —
o sonho da igualdade que, para as almas boas e os corações solidários, representou praticamente o casamento da política com
a poesia. Em O livro politicamente incorreto da esquerda e do socialismo, Williamson mostra pacientemente com quantos pecados
mortais se constrói uma utopia paradisíaca. Seria apenas uma autópsia se o socialismo, apesar de morto, não estivesse por aí
cacifando uma série de projetos político-eleitorais ao redor do mundo. O mais impressionante não é o proverbial fracasso do
socialismo como experiência, mas o seu renitente sucesso como poesia para incautos e propaganda enganosa. A publicação deste
livro no Brasil é mais uma chance — quantas outras haverá? — para a opinião pública despertar de longa letargia populista.
E para entender de uma vez por todas os truques ideológicos da esquerda. Vários deles se sustentam em componentes psicológicos,
como este citado por Williamson: “Usar o aparato do Estado para forçar a caridade oferece a satisfação prazerosa do exercício
da virtude — sem qualquer um de seus custos.” E a praga esquerdista do planejamento central (ou o delírio da sociedade adestrada
por uma burocracia iluminada) está também na origem da crise da União Europeia. Dizem que por lá o pior já passou, mas o autor
aponta dirigismo e falta de soberania nas soluções em curso: “Não estejam tão seguros de que a Europa tenha encontrado uma
saída do caminho da servidão.” Se a impostura socialista continuar governando boa parte dos bem-intencionados no planeta,
pelo menos este livro divertirá os que já entenderam o golpe. Margaret Thatcher dizia que o socialismo dura até acabar o
dinheiro dos outros. O economista Ludwig von Mises, um dos expoentes do liberalismo, completou: “O socialismo não é
apenas um parasita econômico da prosperidade capitalista, mas também um parasita intelectual do capitalismo.”
Foi erigido como crítica ao sistema de valores do capital e do trabalho, mas fincou seus postulados numa espessa
ignorância sobre as leis da economia. Williamson exemplifica com cruel simplicidade: o autoritarismo socialista
resolveu moralizar a constituição dos preços, decidido a impor o valor do trabalho como medida do valor das coisas —
e ainda assim não poderia evitar que Lady Gaga conquistasse um mercado bem maior que o de Johann Sebastian Bach...
Em seu materialismo prepotente, os socialistas desprezaram um singelo e abstrato elemento chamado “vontade”.
Por mais nobres que sejam os paradigmas igualitários, um produto jamais poderá valer apenas o trabalho que custou;
seu valor dependerá do interesse de quem o deseja. Elementar, meu caro Marx. Pedindo licença ao autor, podemos observar
que o teorema de Lady Gaga — ou a valorização de bens em função do desejo por eles — encontra exemplo claro na própria
presença da esquerda no poder. Em países como Brasil, Argentina ou Venezuela, o projeto político é um produto fajuto,
mas arrecadou uma avalanche de votos. Se a liberdade da vontade tivesse que ser substituída pela obrigação da virtude,
o PT não valeria nem meia urna no mercado eleitoral brasileiro. E os discursos de Dilma Rousseff precisariam ser substituídos
por sinfonias de Bach. Voltando a Mises e ao intelectual-parasitismo socialista: “Tudo o que foi apresentado em favor
do socialismo durante os últimos cem anos, em milhares de textos e discursos, todo o sangue derramado por seus defensores,
não é suficiente para fazer com que o socialismo funcione. As massas podem desejá-lo ardentemente, guerras e revoluções
incontáveis podem ser feitas em seu nome, mas ainda assim jamais será algo realizável.” Se a doutrina lunática da esquerda
ainda serve bem a políticos medíocres, entre os intelectuais ela é uma festa — como sintetizou Dwight Lee: “A existência de
um enorme governo dá aos acadêmicos a possibilidade real de colocar em prática suas fantasias.” Peter Klein arremata,
apontando para a trincheira universitária norte-americana: “Após o colapso do planejamento centralizado na Europa Oriental
e na ex-URSS, o único lugar no mundo onde ainda prosperam os marxistas é o Departamento de Ciências Políticas de Harvard.”
Klein está sendo parcimonioso. Os lunáticos do bem vão muito além do campus de Harvard, esgrimindo por aí a sua bondade letal,
como na defesa dos genocidas do Khmer Vermelho pelo novaiorquino Noam Chomsky, o “padroeiro da esquerda”. Com tudo o que já
se viu acontecer à humanidade, da Santa Inquisição à propaganda nazista, o socialismo conseguiu se tornar a maior mentira da
história: promete a felicidade estatal coletiva para obter vantagens privativas, comercializa a solidariedade, industrializa
a boa fé. Williamson aponta a verdade suja desenterrada por Gorbachev: a essência do socialismo não era a igualdade, mas o
controle. E o que fazer para conquistar e manter esse controle em nome do bem-estar da coletividade? Tudo, inclusive atropelar
a coletividade. Entre os diversos casos de desabastecimento e penúria “propiciados” por planejamentos socialistas, o autor
conta uma passagem ocorrida na Coreia do Norte, uma das joias do comunismo mundial: Um cidadão faminto decide protestar em
frente à residência oficial do ditador Kim Jong-il, gritando: “Não temos comida! Não temos eletricidade! Não temos água!
Não temos nada!” Imediatamente é arrastado para uma masmorra e amarrado a uma cadeira, com uma arma apontada contra sua cabeça.
O policial dispara, mas o tiro era de festim. O susto é para que o sujeito nunca mais repita o que fez, diz a polícia.
O prisioneiro responde: “Não temos comida! Não temos eletricidade! Não temos bala! Não temos nada!” Naturalmente, é uma piada.
Tão real quanto o socialismo. Ria com moderação e divirta-se se for capaz — porque o que dá para rir, dá para chorar.
Guilherme Fiuza
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