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Caminhos de acesso no Linux |
Timothée Crozat |
26/09/2025 |
pt-BR |
- Fonte: https://doc.ubuntu-fr.org/chemins
- Tradução e revisão: Jurandy Soares (@jurandysoares)
Em informática, os conteúdos geralmente são armazenados em arquivos.
Como esses arquivos rapidamente se tornam muito numerosos, para se organizar foram concebidos os sistemas de arquivos como árvores: os arquivos são armazenados em diretórios1, e além de arquivos cada um desses diretórios pode conter vários outros diretórios.
A referência a um recurso (arquivo ou diretório) se chama um caminho de acesso (em inglês: path). Nesse caminho, no Linux, os nomes dos diretórios e eventualmente do arquivo são separados por uma barra /
(enquanto no Windows se usa a contrabarra \
).
Existem dois tipos de caminho: absoluto e relativo.
Nota
Nos exemplos a seguir, os termos entre os caracteres<
e>
devem ser substituídos pelos valores indicados, excluindo os caracteres<
e>
.
Um caminho absoluto se baseia na raiz da árvore e começa por /
, por exemplo:
/home/<nome do usuário>/<outro diretório>/<nome do arquivo>
para a maioria dos documentos pessoais./usr/share/icons/
é o primeiro diretório onde o sistema procura os ícones dos aplicativos./etc/apt/sources.list
é o principal arquivo de configuração do APT.
Ele continua válido em qualquer contexto, desde que seja no mesmo sistema e na mesma máquina.
Essa raiz /
corresponde ao local onde o sistema Linux em uso está instalado. (Veja montagem dos sistemas de arquivos.)
💡
/
no início de um caminho é mais ou menos equivalente aoC:\
no Windows.
Um caminho relativo é, a princípio, relativo ao diretório atual onde o usuário se encontra.
Um caminho que começa com algo diferente de /
ou ~
é um caminho relativo.
Essa noção de posicionamento depende do contexto, mas no Linux geralmente o usuário está, por padrão, no seu diretório pessoal, que é /home/<nome do usuário>
.
Em um terminal pode-se navegar de um diretório a outro com o comando cd
.
Também é possível usar esse tipo de caminho para indicar onde os recursos estão uns em relação aos outros, independentemente da raiz do sistema — por exemplo, para que os arquivos de um site que possam ser movidos juntos consigam se localizar.
Podem ser usados links físicos ou simbólicos para criar, por exemplo, atalhos entre diferentes caminhos.
Em particular, .
usado como nome de diretório indica o diretório atual, e ..
indica o diretório pai (isso corresponde a links físicos.
O til ~
usado como primeiro nome de diretório substitui o caminho absoluto para o diretório pessoal do usuário, ou seja, /home/<usuario>
. Exemplos:
~/Downloads
: será substituído pelo caminho/home/<usuario>/Downloads
~fulano/Downloads
: será substituído pelo caminho/home/fulano/Downloads
~beltrano/Downloads
: será substituído pelo caminho/home/beltrano/Downloads
(veja Tilde Expansion), mas essa funcionalidade é própria do shell, e não do sistema de arquivos.
Um recurso (arquivo ou diretório) cujo nome começa com .
é um recurso oculto2.
Com o comando ls
é preciso adicionar a opção a
(de all) para listar esses recursos, assim:
ls -a
Geralmente, também é possível exibi-los com um gerenciador de arquivos gráfico3 com o atalho Ctrl + h (de hidden).
Em especial, encontram-se muitos recursos ocultos no diretório pessoal do usuário.
A ideia é ocultar ali os diretórios e arquivos usados pelo sistema, mas que são próprios do usuário, para dar maior visibilidade aos documentos e mídias pessoais.
Para ir além, é importante saber que cada caminho para um diretório ou arquivo é, na verdade, um link físico, e que cada um desses links aponta para um inode que descreve o recurso em si no sistema de arquivos.
O inode descreve, entre outras coisas, as permissões, o proprietário e as datas de criação e modificação do recurso.
Para ver o número do inode dos arquivos e diretórios, execute o comando: ls -i
Veja esta página da Wikipédia para mais detalhes sobre inodes.
Na linha de comando, geralmente é preciso escapar os espaços e caracteres especiais dos caminhos.
É possível:
- colocar uma
\
antes desses espaços para escapá-los - ou colocar todo o caminho entre aspas simples
'
ou duplas"
Aqui estão algumas ferramentas que permitem manipular ou usar caminhos no Linux:
- O comando
namei -l
lista as permissões de cada elemento de um caminho. $PWD
(de Print Working Directory) é a variável de ambiente que representa o caminho do diretório atual. É possível usá-la para substituir o texto do caminho atual, por exemplo, o comando:
namei -l "${PWD}"
serve para listar as permissões de cada elemento do caminho do diretório atual.
O Guia de estilo do Google para escrita de shell scripts recomenda que a expansão de variáveis seja feita entre aspas duplas, e com o identificador da variável entre chaves ({}
) depois do símbolo de dólar ($
).
Footnotes
-
Windows e MacOS os chamam de pastas ou folders. Para o resto do mundo da informática, são diretórios. ↩
-
Portanto não é listado por padrão. ↩
-
Por padrão no Ubuntu: GNOME Arquivos – antigamente Nautilus. ↩