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April 21, 2023 03:51
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Arte da guerra - Sun tzu
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A ARTE DA GUERRA | |
SUN TZU | |
© Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, | |
transmitida ou arquivada, contanto que seja mencionado o | |
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nem utilizá-la para fins comerciais. | |
Os livros publicados estão sob os direitos da (BY-NC-ND) do Creative Commons | |
(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/) | |
58p.; il. 10 Edição | |
Tradução: culturabrasil.org | |
Literatura estrangeira. I. Título. | |
CDD 022.2 CDU 37+028.1(337.3) | |
CulturaBrasil (.Org) | |
2010 | |
SUMÁRIO | |
1. Sobre a avaliação ________________________________________ 4 | |
2. Sobre o princípio das ações ________________________________ 7 | |
3. Sobre as proposições da vitória e a derrota ___________________ 10 | |
4. Sobre a medida na disposição dos meios _____________________ 13 | |
5. Sobre a firmeza ________________________________________ 17 | |
6. Sobre o cheio e o vazio __________________________________ 20 | |
7. Sobre o enfrentamento direto e indireto _____________________ 25 | |
8. Sobre as nove mudanças _________________________________ 30 | |
9. Sobre a distribuição dos meios _____________________________ 33 | |
10. Sobre a topologia _______________________________________ 39 | |
11. Sobre as nove classes de terreno ___________________________ 43 | |
12. Sobre a arte de atacar pelo fogo ____________________________ 51 | |
13. Sobre o uso de espiões ___________________________________ 53 | |
14. "Princípios da arte da guerra" ______________________________ 55 | |
SUN TZU – 500 A.C. | |
4 | |
Sobre a avaliação | |
Sun Tzu disse: a guerra é de vital importância para o Estado; é o | |
domínio da vida ou da morte, é o caminho para a sobrevivência ou a | |
perda do Império: é preciso manejá-la bem. Não refletir seriamente | |
sobre tudo o que lhe concerne é dar prova de lastimável indiferença no | |
que diz respeito à conservação ou à perda do que nos é mais querido; e | |
isso não deve ocorrer entre nós. | |
Há que valorá-la em termos de cinco fatores fundamentais, e fazer | |
comparações entre as diversas condições dos contendores, com vistas a | |
determinar o resultado da guerra. | |
O primeiro desses fatores é a doutrina; o segundo, o tempo, o | |
terceiro, o terreno, o quarto, o mando e o quinto, a disciplina. | |
A doutrina significa aquilo que faz com que o povo esteja em | |
harmonia com o seu governante, de modo que o siga aonde for, sem | |
temer por sua vida, nem de se expor a qualquer perigo. | |
O tempo significa o Ying e o Yang, a noite e o dia, o frio e o calor, | |
dias ensolarados ou chuvosos e a mudança das estações. | |
O terreno implica as distâncias, e faz referência onde é fácil ou | |
difícil deslocar-se, se é em campo aberto, ou lugares estreitos, e isto | |
influencia as possibilidades de sobrevivência. | |
O mando há de ter como qualidades: a sabedoria, a sinceridade, a | |
benevolência, a coragem e a disciplina. | |
Por último, a disciplina há de ser compreendida como a | |
organização do exército, as graduações e classes entre os oficiais, a | |
regulação das rotas de mantimentos, e a provisão de material militar | |
para o exército. | |
Estes cinco fatores fundamentais hão de ser conhecidos por cada | |
general. | |
5 | |
Aquele que os domina, vence; aquele que não os domina, sai | |
derrotado. Portanto, ao traçar os planos, há de se comparar os seguintes | |
sete fatores, avaliando-se cada um com o maior cuidado: | |
Qual dirigente é o mais sábio e capaz? | |
Que comandante possui o maior talento? | |
Que exército obtém vantagens da natureza e terreno? | |
Em que exército se observam melhor os regulamentos e as | |
instruções? | |
Quais as tropas mais fortes? | |
Que exército tem oficiais e tropas melhor treinadas? | |
Que exército administra recompensas e castigos de forma mais | |
justa? | |
Mediante o estudo desses sete fatores, serás capaz de adivinhar | |
qual dos dois grupos sairá vitorioso e qual será derrotado. | |
O general que seguir o meu conselho vencerá. Esse general há de | |
ser mantido na liderança. Aquele que ignorar os meus conselhos, | |
certamente será derrotado, e deve ser destituído. Além de prestar | |
atenção aos meus conselhos e planos, o general deve criar uma situação | |
que contribua para o seu cumprimento. | |
Por situação quero dizer que deve levar em consideração a situação | |
do campo, e atuar de acordo com o que lhe for vantajoso. | |
A arte da guerra se baseia no engano. Portanto, quando és capaz | |
de atacar, deves aparentar incapacidade e, quando as tropas se movem, | |
aparentar inatividade. | |
Se estás perto do inimigo, deves fazê-lo crer que estás longe; se | |
longe, aparentar que se está perto. Colocar iscas para atrair o inimigo. | |
Golpear o inimigo quando está desordenado. Preparar-se contra ele | |
quando está seguro em todas as partes. Evitá-lo durante um tempo | |
quando é mais forte. Se teu oponente tem um temperamento colérico, | |
tenta irritá-lo. Se é arrogante, trata de adular o seu ego. | |
6 | |
Se as tropas inimigas se acham bem preparadas após uma | |
reorganização, tenta desordená-las. Se estão unidas, semeia a dissensão | |
entre suas fileiras. Ataca o inimigo quando não está preparado, e | |
aparece quando não te espera. Estas são as chaves da vitória pela | |
estratégia. | |
Agora, se as estimativas realizadas antes da batalha indicam | |
vitória, é porque os cálculos cuidadosamente realizados mostram que | |
tuas condições são mais favoráveis que as condições do inimigo; se | |
indicam derrota, é porque mostram que as condições favoráveis para a | |
batalha são menores. Com uma avaliação cuidadosa, podes vencer; sem | |
ela, não podes. Menos oportunidades de vitória terá aquele que não | |
realiza cálculos precisos. Graças a este método, pode-se examinar a | |
situação, e o resultado aparece claramente. | |
7 | |
Sobre o princípio das ações | |
Uma vez começada a batalha, ainda que estejas ganhando, se | |
continuares por muito tempo, desanimarás as tuas tropas e embotarás | |
a tua espada. Se estás sitiando uma cidade, esgotarás tuas forças. Se | |
mantiveres o teu exército durante muito tempo em campanha, teus | |
mantimentos se esgotarão. | |
As armas são instrumentos de má sorte; empregá-las por muito | |
tempo produzirá calamidades. Como se tem dito: "Os que a ferro matam, | |
a ferro morrem." Quando as tuas tropas estão desanimadas, a tua | |
espada embotada, esgotadas estão as tuas forças e os teus mantimentos | |
são escassos, até os teus se aproveitarão da tua debilidade para se | |
sublevarem. Assim, ainda que tenhas conselheiros sábios, ao final não | |
poderás fazer que as coisas saiam bem. | |
Por causa disso, tem-se ouvido falar de operações militares que são | |
torpes e repentinas, porém nunca se viu nenhum especialista na arte | |
da guerra que mantivesse a campanha por muito tempo. Nunca é | |
benéfico para um país deixar que uma operação militar se prolongue | |
por muito tempo. | |
Como se diz comumente, sê rápido como o trovão que retumba | |
antes de que tenhas podido tapar os ouvidos, veloz como o relâmpago | |
que brilha antes de haveres podido piscar. | |
Portanto, os que não são totalmente conscientes da desvantagem | |
de servir-se das armas não podem ser totalmente conscientes das | |
vantagens de utilizá-las. | |
Os que utilizam os meios militares com perícia não movimentam | |
suas tropas duas vezes, nem proporcionam alimentos em três ocasiões, | |
com um mesmo objetivo. | |
Isto quer dizer que não se deve mobilizar o povo mais de uma vez | |
por campanha, e que imediatamente depois de alcançar a vitória não se | |
deve regressar ao próprio país para fazer uma segunda mobilização. A | |
princípio isto significa proporcionar alimentos (para as próprias tropas) | |
porém depois que se tiram os alimentos ao inimigo. | |
8 | |
Se ao invés de tomar os mantimentos e armas de teu próprio país, | |
retirares do teu inimigo, estarás bem abastecido de armas e provisões. | |
Quando um país empobrece por causa das operações militares, isso | |
se deve ao transporte de provisões de um lugar distante. Se as | |
transportas desde um lugar distante, o povo empobrecerá. | |
Os que habitam próximo de onde está o exército podem vender suas | |
colheitas a preços elevados, porém acaba-se deste modo o bem-estar da | |
maioria da população. | |
Quando se transportam as provisões para muito longe, ocorre | |
ruína por causa do alto custo. Nos mercados próximos ao exército, os | |
preços das mercadorias aumentam. Portanto, as longas campanhas | |
militares constituem uma ferida para o país. | |
Quando se esgotam os recursos, os impostos se arrecadam sob | |
pressão. Quando o poder e os recursos se tenham esgotado, arruína- se | |
o próprio país. O povo é privado de grande parte de seus produtos, | |
enquanto os gastos do governo para armamentos se elevam. | |
Os habitantes constituem a base de um país, os alimentos são a | |
felicidade do povo. O príncipe deve respeitar este fato e ser austero em | |
seus gastos. | |
Em consequência, um general inteligente luta por desprover o | |
inimigo de seus alimentos. Cada porção de alimento tomado ao inimigo | |
equivale a vinte que te forneces a ti mesmo. | |
Assim pois, o que arrasa o inimigo é a imprudência e a motivação | |
dos teus em fazer desaparecer as vantagens dos adversários. | |
Quando recompensas teus homens com os benefícios que | |
ostentavam os adversários eles lutarão com iniciativa própria, e assim | |
poderás tomar o poder e a influência que antes tinha o inimigo. É por | |
isto que se diz que onde há grandes recompensas, há homens valentes. | |
Por conseguinte, em batalha de carros, recompensa primeiro o que | |
tomar ao menos dez carros. | |
Se recompensas a todo mundo, não haverá suficiente para todos; | |
assim pois, oferece uma recompensa a um soldado para animar a todos | |
os demais. Troca suas cores (dos soldados inimigos feitos prisioneiros) | |
9 | |
utiliza-os misturados aos teus. Trata bem os soldados e presta-lhes | |
atenção. Os soldados prisioneiros devem ser bem tratados, para | |
conseguir que no futuro lutem para ti. A isto se chama vencer o | |
adversário e incrementar por acréscimo as tuas próprias forças. | |
Se utilizas o inimigo para derrotar o inimigo, serás poderoso em | |
qualquer lugar aonde fores. | |
Assim pois, o mais importante em uma operação militar é a vitória, | |
e não a persistência. Esta última não é benéfica. Um exército é como o | |
fogo: se não o apagas, se consumirá por si mesmo. | |
Portanto, sabemos que o que está à cabeça do exército, está a cargo | |
das vidas dos habitantes e da segurança da nação. | |
10 | |
Sobre as proposições da vitória e a derrota | |
Como regra geral, é melhor conservar um inimigo intacto do que o | |
destruir. | |
Captura seus soldados para conquistá-los, e domina seus chefes. | |
Um General dizia: "Pratica as artes marciais; calcula a força de | |
teus adversários; faz com que percam o ânimo e a orientação, de | |
maneira que ainda estando intacto, o exército inimigo fique | |
imprestável: Isto é ganhar sem violência. Se destruíres o exército | |
inimigo e matares seus generais, assaltas suas defesas disparando, | |
reúnes uma multidão e usurpas um território, tudo isto é ganhar pela | |
força." | |
Por isto, os que ganham todas as batalhas não são realmente | |
profissionais; os que conseguem que se rendam impotentes os exércitos | |
alheios sem lutar, são os melhores mestres do Arte da Guerra. | |
Os guerreiros superiores atacam enquanto os inimigos estão | |
projetando seus planos. Logo desfazem suas alianças. | |
Por isso, um grande imperador dizia: "O que luta pela vitória frente | |
a espadas nuas não é um bom general." A pior tática é atacar uma | |
cidade. Assediar, encurralar uma cidade só se leva a cabo como último | |
recurso. | |
Emprega não menos de três meses em preparar teus artefatos e | |
outros três para coordenar os recursos para teu assedio. Nunca se deve | |
atacar por cólera e com pressa. É aconselhável tomar-se tempo na | |
organização e coordenação do plano. | |
Portanto, um verdadeiro mestre das artes marciais vence outras | |
forças inimigas sem batalha, conquista outras cidades sem assediá-las | |
e destrói outros exércitos sem empregar muito tempo. | |
Um mestre experiente nas artes marciais desfaz os planos dos | |
inimigos, estropia suas relações e alianças, corta os mantimentos ou | |
bloqueia seu caminho, vencendo mediante estas táticas sem | |
necessidade de lutar. | |
11 | |
É imprescindível lutar contra todas as facções inimigas para obter | |
uma vitória completa, de maneira que seu exército não fique | |
aquartelado e o benefício seja total. Esta é a lei do assédio estratégico. | |
A vitória completa se produz quando o exército não luta, a cidade | |
não é assediada, a destruição não se prolonga durante muito tempo, e | |
em cada caso o inimigo é vencido pelo emprego da estratégia. | |
Assim, pois, a regra da utilização da força é a seguinte: se as tuas | |
forças são dez vezes superiores às do adversário, cerca-o; se são cinco | |
vezes superiores, ataca-o; se são duas vezes superiores, divide-o. | |
Se tuas forças são iguais em número, luta se te é possível. Se tuas | |
forças são inferiores, mantém-te continuamente em guarda, pois a | |
menor falha te acarretaria as piores consequências. Trata de manter-te | |
ao abrigo e evita o quanto possível um enfrentamento aberto com ele; a | |
prudência e a firmeza de um pequeno número de pessoas podem chegar | |
a cansar e a dominar até grandes exércitos. | |
Este conselho se aplica nos casos em que todos os fatores são | |
equivalentes. Se tuas forças estão em ordem enquanto que as do inimigo | |
estão imersas no caos, se tu e as tuas forças estão com ânimo e eles | |
desmoralizados, então, mesmo que sejam mais numerosos, podes entrar | |
em batalha. Se teus soldados, as tuas forças, a tua estratégia e o teu | |
valor são menores que os de teu adversário, então deves retirar-te e | |
buscar outra alternativa. | |
Em consequência, se o bando menor é obstinado, cai prisioneiro do | |
bando maior. | |
Isto quer dizer que se um pequeno exército não faz uma avaliação | |
adequada de seu poder e se atreve a enfrentar uma grande potência, | |
por mais que a sua defesa seja firme, inevitavelmente se converterá em | |
conquistado. "Se não podes ser forte, porém tampouco sabes ser débil, | |
serás derrotado." Os generais são servidores do Povo. Quando seu | |
serviço é completo, o Povo é forte. Quando seu serviço é defeituoso, o | |
Povo é débil. | |
Assim, pois, existem três maneiras pelas quais um Príncipe leva o | |
exército ao desastre. Quando um Príncipe, ignorando as ações, ordena | |
avançar a seus exércitos ou retirar-se quando não devem fazê-lo; a isto | |
se chama imobilizar o exército. Quando um Príncipe ignora os assuntos | |
12 | |
militares, porém compartilha em pé de igualdade o mando do exército, | |
os soldados acabam confusos. Quando o Príncipe ignora como levar a | |
cabo as manobras militares, porém compartilha por igual sua direção, | |
os soldados estão vacilantes. Uma vez que os exércitos estão confusos e | |
vacilantes, iniciam os problemas procedentes dos adversários. A isto se | |
chama perder a vitória por transtornar o aspecto militar | |
Se tentas utilizar os métodos de um governo civil para dirigir uma | |
operação militar, a operação será confusa. Triunfam aqueles que: | |
Sabem quando lutar e quando esperar. | |
Sabem discernir quando utilizar muitas ou poucas tropas. | |
Possuem tropas cujas categorias tem o mesmo objetivo. | |
Enfrentam com preparativos os inimigos desprevenidos. | |
Tem generais competentes e não limitados por seus governos civis. | |
Estas cinco são as maneiras de conhecer o futuro vencedor. | |
Falar que o Príncipe seja o que dá as ordens em tudo é como o | |
General solicitar permissão ao Príncipe para poder apagar um fogo: | |
quando for autorizado, já não restam senão cinzas. | |
Se conheces os demais e te conheces a ti mesmo, nem em cem | |
batalhas correrás perigo; se não conheces os demais, porém te conheces | |
a ti mesmo, perderás uma batalha e ganharás outra; se não conheces | |
aos demais nem te conheces a ti mesmo, correrás perigo em cada | |
batalha. | |
13 | |
Sobre a medida na disposição dos meios | |
Antigamente, os guerreiros especialistas se faziam a si mesmos | |
invencíveis em primeiro lugar, e depois aguardavam para descobrir a | |
vulnerabilidade de seus adversários. | |
Fazeres-te invencível significa conheceres-te a ti mesmo; aguardar | |
para descobrir a vulnerabilidade do adversário significa conhecer o | |
outro. | |
A invencibilidade está em ti mesmo, a vulnerabilidade no | |
adversário. | |
Por isto, os guerreiros especialistas podem ser invencíveis, porém | |
não podem fazer que seus adversários sejam vulneráveis. | |
Se os adversários não tem ordem de batalha sobre o que informar- | |
se, nem negligências ou falhas das quais aproveitar- se, como os podes | |
vencer ainda que estejam bem providos? Por isto é pelo que se disse que | |
a vitória pode ser percebida, porém não fabricada. | |
A invencibilidade é uma questão de defesa, a vulnerabilidade, uma | |
questão de ataque. | |
Enquanto não tenhas observado vulnerabilidades na ordem de | |
batalha dos adversários, oculta tua própria formação de ataque, e | |
prepara-te para ser invencível, com a finalidade de preservar-te. | |
Quando os adversários tem ordens de batalha vulneráveis, é o momento | |
de sair e atacá-los. | |
A defesa é para tempos de escassez, o ataque para tempos de | |
abundância. | |
Os especialistas em defesa se escondem nas profundezas da terra; | |
os especialistas em manobras de ataque se escondem nas mais elevadas | |
alturas do céu. Desta maneira podem proteger-se e lograr a vitória total | |
Em situações de defesa, cala as vozes e elimina os cheiros, | |
escondidos como fantasmas e espíritos sob terra, invisíveis para todo o | |
mundo. Em situações de ataque, o teu movimento é rápido e o teu grito | |
14 | |
fulgurante, veloz como o trovão e o relâmpago, para que teus | |
adversários não possam se preparar, mesmo que venham do céu. | |
Prever a vitória quando qualquer um pode conhecer não constitui | |
verdadeira destreza. Todos elogiam a vitória ganha em batalha, porém | |
essa vitória não é realmente tão boa. | |
Todos elogiam a vitória na batalha, porém o verdadeiramente | |
desejável é poder ver o mundo do sutil e dar-se conta do mundo do | |
oculto, até ao ponto de ser capaz de alcançar a vitória onde não exista | |
forma. | |
Não se requer muita força para levantar um cabelo, não é | |
necessário ter uma vista aguda para ver o sol e a lua, nem se necessita | |
ter muito ouvido para escutar o retumbar do trovão. | |
O que todos conhecem não se chama sabedoria; a vitória sobre os | |
demais obtida por meio da batalha não se considera uma boa vitória. | |
Antigamente, os que eram conhecidos como bons guerreiros | |
venciam quando era fácil vencer. | |
Se só és capaz de assegurar a vitória depois de enfrentar um | |
adversário em um conflito armado, essa vitória é uma dura vitória. Se | |
fores capaz de ver o sutil e de perceberes o oculto, irrompendo antes da | |
ordem de batalha, a vitória assim obtida é uma vitória fácil. | |
Em consequência, as vitórias dos bons guerreiros se destacam por | |
sua inteligência ou sua bravura. Assim, pois, as vitórias que se ganham | |
em batalha não são devidas à sorte. Essas vitórias não são casualidades, | |
senão que são devidas a ter -se situado previamente em posição de poder | |
ganhar com seguridade, impondo-se sobre os que já tinham perdido de | |
antemão. | |
A grande sabedoria não é algo óbvio, o mérito grande não se | |
anuncia. Quando és capaz de ver o sutil, é fácil ganhar; que tem isto que | |
ver com a inteligência ou a bravura? Quando se resolvem os problemas | |
antes que surjam, quem chama isto inteligência? Quando há vitória sem | |
batalha, quem fala de bravura? | |
Assim pois, os bons guerreiros tomam posição em um terreno no | |
qual não podem perder, e não passam por alto as condições que fazem | |
seu adversário inclinar-se à derrota. | |
15 | |
Em consequência, um exército vitorioso ganha primeiro e inicia a | |
batalha depois; um exército derrotado luta primeiro e tenta obter a | |
vitória depois. | |
Esta é a diferença entre os que tem estratégia e os que não tem | |
planos. | |
Os que utilizam boas armas cultivam o Caminho e observam as | |
leis. Assim podem governar prevalecendo sobre os corruptos. | |
Servir-se da harmonia para desvanecer a oposição, não atacar um | |
exército inocente, não fazer prisioneiros ou tomar saques por onde passa | |
o exército, não cortar as árvores nem contaminar os poços, limpar e | |
purificar os templos das cidades e montanhas do caminho que | |
atravessas, não repetir os erros de uma civilização decadente, a tudo | |
isto se chama o Caminho e suas leis. | |
Quando o exército está estritamente disciplinado, até ao ponto em | |
que os soldados morreriam antes que desobedecer às ordens, e as | |
recompensas e os castigos merecem confiança e estão bem estabelecidos, | |
quando os chefes e oficiais são capazes de atuar desta forma, podem | |
vencer a um Príncipe inimigo corrupto. | |
As regras militares são cinco: medição, avaliação, cálculo, | |
comparação e vitória. O terreno dá lugar as medições, estas dão lugar a | |
as avaliações, as avaliações aos cálculos, estes às comparações, e as | |
comparações dão lugar às vitórias. | |
Mediante comparações das dimensões podes conhecer onde há | |
vitória ou derrota. | |
Em consequência, um exército vitorioso é como um quilo | |
comparado a um grama; um exército derrotado é como um grama | |
comparado a um quilo. | |
Quando o que ganha consegue que seu povo vá à batalha como se | |
estivesse dirigindo uma grande corrente de água ao longo de um vale | |
profundo, isto é uma questão de ordem de batalha. | |
Quando a água se acumula em um vale profundo, ninguém pode | |
medir a sua quantidade, o mesmo acontece quando a nossa defesa não | |
mostra a sua forma. Quando se solta a água, ela se precipita para baixo | |
16 | |
como uma torrente, de maneira tão irresistível como nosso próprio | |
ataque. | |
17 | |
Sobre a firmeza | |
A força é a energia acumulada ou a que se percebe. Isto é muito | |
mutável. Os especialistas são capazes de vencer o inimigo criando uma | |
percepção favorável neles, e assim obter a vitória sem necessidade de | |
exercer sua força. | |
Governar sobre muitas pessoas como se fossem poucas é uma | |
questão de dividi-las em grupos ou setores: é organização. Batalhar | |
contra um grande número de tropas como se fossem poucas é uma | |
questão de demonstrar força, símbolos e sinais. | |
Refere-se a conseguir uma percepção de força e poder na oposição. | |
No campo de batalha se refere às formações e bandeiras utilizadas para | |
organizar as tropas e coordenar seus movimentos. | |
Conseguir que o exército seja capaz de combater contra o | |
adversário sem ser derrotado é uma questão de empregar métodos | |
ortodoxos ou heterodoxos. | |
A ortodoxia e a heterodoxia não são elementos fixo, senão que se | |
utilizam como um ciclo. Um imperador que foi um famoso guerreiro e | |
administrador, falava de manipular as percepções dos adversários sobre | |
o que é ortodoxo e heterodoxo, e depois atacar inesperadamente, | |
combinando ambos métodos até convertê-lo em um, tornando-se quase | |
assim indefinível para o inimigo. | |
Que o efeito das forças seja como o de pedras arrojadas sobre ovos, | |
é uma questão de cheio e vazio. | |
Quando induzes os adversários a atacar-te em teu território, sua | |
força sempre está vazia (em desvantagem); enquanto que não competes | |
no que são melhores, tua força sempre estará cheias. Atacar com o vazio | |
contra o cheio é como atirar pedras sobre ovos: de certeza se quebram. | |
Quando se inicia uma batalha de maneira direta, a vitória se ganha | |
por surpresa. | |
O ataque direto é ortodoxo. O ataque indireto é heterodoxo. | |
Só há duas classes de ataques na batalha: o extraordinário por | |
surpresa e o direto ordinário, porém suas variantes são inumeráveis. O | |
18 | |
ortodoxo e o heterodoxo se originam reciprocamente, como um circulo | |
sem começo nem fim; quem poderia esgotá-los? | |
Quando a velocidade da água que flui alcança o ponto em que pode | |
mover as pedras, esta é a força direta. Quando a velocidade e | |
manobrabilidade do falcão é tal que pode atacar e matar, isto é precisão. | |
O mesmo ocorre com os guerreiros especialistas: sua força é rápida, sua | |
precisão certeira. Sua força é como disparar uma catapulta, sua | |
precisão é dar no objetivo previsto e causar o efeito esperado. | |
A desordem chega da ordem, a covardia surge do valor, a debilidade | |
brota da força. | |
Se queres fingir desordem para convencer a teus adversários e | |
distraí-los, primeiro tens que organizar a ordem, porque só então podes | |
criar uma desordem artificial. Se queres fingir covardia para conhecer | |
a estratégia dos adversários, primeiro tens que ser extremadamente | |
valente, porque só então podes atuar como tímido de maneira artificial. | |
Se queres fingir debilidade para induzir a arrogância em teus inimigos, | |
primeiros deves ser extremadamente forte porque só então podes | |
pretender ser débil. | |
A ordem e a desordem são uma questão de organização; a covardia | |
é uma questão de valentia e de ímpeto; a força e a debilidade são uma | |
questão da formação na batalha. | |
Quando um exército tem a força do ímpeto (percepção), inclusive o | |
tímido se torna valente, quando perda força do ímpeto, inclusive o | |
valente se converte em tímido. Nada está fixado nas leis da guerra: | |
estas se desenvolvem sobre a base do ímpeto. | |
Com astúcia se pode antecipar e conseguir que os adversários se | |
convençam a si mesmos como proceder e mover-se; ajuda-os a caminhar | |
pelo caminho que lhes traça. Faz mover-se os inimigos com a | |
perspectiva do triunfo, para que caiam na emboscada. | |
Os bons guerreiros buscam a efetividade na batalha a partir da | |
força do ímpeto (percepção) e não dependem só da força de seus | |
soldados. são capazes de escolher a melhor gente, empregá-los | |
adequadamente e deixar que a força do ímpeto logre seus objetivos. | |
19 | |
Quando há entusiasmo, convicção, ordem, organização, recursos, | |
compromisso dos soldados, tens a força do ímpeto, e o tímido é valoroso. | |
Assim é possível determines os soldados por suas capacidades, | |
habilidades e encomendar-lhes deves e responsabilidades adequadas. O | |
valente pode lutar, o cuidadoso pode fazer sentinela, e o inteligente pode | |
estudar, analisar e comunicar. Cada qual é útil. | |
Fazer que os soldados lutem permitindo que a força do ímpeto faça | |
seu trabalho é como fazer rodar rocas. As rocas permanecem imóveis | |
quando estão em um lugar plano, porém giram em um plano inclinado; | |
ficam fixas quando são quadradas, porém giram se são redondas. | |
Portanto, quando se conduz os homens à batalha com astúcia, o impulso | |
é como rocas redondas que se precipitam montanha abaixo: esta é a | |
força que produz a vitória. | |
20 | |
Sobre o cheio e o vazio | |
Os que antecipam, se preparam e chegam primeiro ao campo de | |
batalha e esperam ao adversário estão em posição descansada; os que | |
chegam por último ao campo de batalha, os que improvisam e iniciam | |
luta acabam esgotados. | |
Os bons guerreiros fazem com que os adversários venham a eles, e | |
de nenhum modo se deixam atrair fora de sua fortaleza. | |
Se fazes com que os adversários venham a ti para combater, tua | |
força estará sempre vazia. Se não sais a combater, tua força estará | |
sempre cheia. Esta é a arte de esvaziar os demais e de encher-te a ti | |
mesmo. | |
O que impulsiona os adversários a vir até a ti por própria decisão | |
é a perspectiva de ganhar. O que desanima os adversários de ir até a ti | |
é a probabilidade de sofrer danos. | |
Quando os adversários estão em posição favorável, deves cansá-los. | |
Quando estão bem alimentados, cortar os mantimentos. Quando estão | |
descansando, fazer que se ponham em movimento. | |
Ataca inesperadamente, fazendo que os adversários se esgotem | |
correndo para salvar suas vidas. Interrompe suas provisões, arrasa seus | |
campos e cortar suas vias de aprovisionamento. Aparece em lugares | |
críticos e ataca donde menos se o esperem, fazendo que tenham que | |
acudir ao resgate. | |
Aparece onde não possam ir, dirige-te até onde menos esperem. | |
Para deslocar-te centenas de quilômetros sem cansaço, atravessa terras | |
despovoadas. | |
Atacar um espaço aberto não significa só um espaço em que o | |
inimigo não tem defesa. Enquanto sua defesa não seja estrita – o lugar | |
não esteja bem guardado – os inimigos se dispersarão ante ti, como se | |
estivesses atravessando um território despovoado. | |
Para tomar infalivelmente o que atacas, ataca donde não há defesa. | |
Para manter uma defesa infalivelmente segura, defende onde não há | |
ataque. | |
21 | |
Assim, no caso dos que são especialistas em ataque, seus inimigos | |
não sabem por onde atacar. | |
Quando se cumprem as instruções, as pessoas são sinceramente | |
leais e comprometidas, os planos e preparativos para a defesa | |
implantados com firmeza, sendo tão sutil e reservado que não se | |
revelam as estratégias de nenhuma forma, e os adversários se sentem | |
inseguros, e sua inteligência não lhes serve para nada. | |
Sê extremadamente sutil, discreto, até o ponto de não ter forma. Sê | |
completamente misterioso e confidencial, até o ponto de ser silencioso. | |
De esta maneira poderás dirigir o destino de teus adversários. | |
Para avançar sem encontrar resistência, arremete por seus pontos | |
débeis. | |
Para retirar-te de maneira esquiva, sé mais rápido que eles. | |
As situações militares se baseiam na velocidade: chega como o | |
vento, move-te como o relâmpago, e os adversários não poderão vencer- | |
te. | |
Portanto, quando queiras entrar em batalha, inclusive se o | |
adversário está entrincheirado em posição defensiva, não poderá evitar | |
lutar se atacas no lugar no que deve acudir irremediavelmente ao | |
resgate. | |
Quando não queiras entrar em batalha, inclusive se traças uma | |
linha no terreno que queres conservar, o adversário não pode combater | |
contigo porque lhe dás uma falsa pista. | |
Isto significa que quando os adversários chegam para atacar-te, | |
não lutas com eles, senão que estabeleces uma mudança estratégica | |
para confundi-los e enchê-los de incertezas. | |
Por conseguinte, quando induzes outros a efetuar uma formação, | |
enquanto tu mesmo permaneces sem forma, estás concentrado, | |
enquanto que teu adversário está dividido. | |
Faz que os adversários vejam como extraordinário o que é ordinário | |
para ti; faz que vejam como ordinário o que é extraordinário para ti. Isto | |
é induzir ao inimigo a efetuar uma formação. Uma vez vista a formação | |
22 | |
do adversário, concentras tuas tropas contra ele. Como tua formação | |
não está à vista, o adversário dividirá seguramente suas forças. | |
Quando estás concentrado formando uma só força, enquanto o | |
inimigo está dividido em dez, estás atacando uma concentração de um | |
contra dez, assim tuas forças superam a as suas. | |
Se podes atacar a uns poucos soldados com muitos, desanimarás o | |
número de teus adversários. | |
Quando estás fortemente entrincheirado, estás forte atrás de boas | |
barricadas, e não deixas filtrar nenhuma informação sobre tuas forças, | |
sai fora sem formação precisa, ataca e conquista de maneira irrestrita. | |
Não devem conhecer onde pensas liberar a batalha, porque quando | |
não se conhece, o inimigo destaca muitos postos de vigilância, e no | |
momento que se estabelecem numerosos postos só tens que combater | |
contra pequenas unidades. | |
Assim, pois, quando sua vanguarda está preparada, sua | |
retaguarda é defeituosa, e quando sua retaguarda está preparada, sua | |
vanguarda apresenta pontos débeis. | |
As preparações de sua ala direita significarão carência em sua ala | |
esquerda. | |
As preparações por todas partes significará ser vulnerável por | |
todas partes. | |
Isto significa que quando as tropas estão de guarda em muitos | |
lugares, estão forçosamente espalhadas em pequenas unidades. | |
Quando se dispõe de poucos soldados se está na defensiva contra o | |
adversário o que dispõe de muitos faz que o inimigo tenha que defender- | |
se. | |
Quanto mais defesas induzes a adotar a teu inimigo, mais | |
debilitado ele ficará. | |
Assim, se conheces o lugar e a data da batalha, podes acudir a ela | |
mesmo que estejas a mil quilômetros de distância. Se não conheces o | |
lugar e a data da batalha, então teu flanco esquerdo não pode salvar ao | |
direito, tua vanguarda não pode salvar a tua retaguarda, e tua | |
23 | |
retaguarda não pode salvar a tua vanguarda, nem mesmo em um | |
território de umas poucas dezenas de quilômetros. | |
Se tens muitas mais tropas que os demais, como pode ajudar-te | |
este fator para obter a vitória? | |
Se não conheces o lugar e a data da batalha, mesmo que tuas tropas | |
sejam mais numerosas que as deles, como podes saber se vais ganhar | |
ou perder? | |
Assim, pois, se disse que a vitória pode ser criada. | |
Se fazes que os adversários não saibam o lugar e a data da batalha, | |
sempre podes vencer. | |
Inclusive se os inimigos são numerosos, pode fazer-se que não | |
entrem em combate. | |
Portanto, faz tua valoração sobre eles para averiguar seus planos, | |
e determinar que estratégia pode ter êxito e qual no. Incita-os à ação | |
para descobrir qual é o esquema geral de seus movimentos e descansa. | |
Faz algo por ou contra eles para ter sua atenção, de maneira que | |
possas atraí-los descobrir seus hábitos de comportamento de ataque e | |
de defesa. | |
Induza-os a adotar formações especificas, para conhecer seus | |
pontos fracos. | |
Isto significa utilizar muitos métodos para confundir e perturbar o | |
inimigo com o objetivo de observar suas formas de resposta para ti; | |
depois de tê-las observado, aja em consequência, de maneira que podes | |
saber que classe de situações significam vida e quais significam morte. | |
Teste-os para averiguar seus pontos fortes e seus pontos débeis. | |
Portanto, o ponto final da formação de um exército é chegar a não forma. | |
Quando não tens forma, os informadores não podem descobrir nada, já | |
que a informação não pode criar uma estratégia. | |
Uma vez que não tens forma perceptível, não deixas pegadas que | |
possam ser seguidas, os informadores não encontram nenhuma fresta | |
por onde olhar e os que estão a cargo da planificação não podem | |
estabelecer nenhum plano realizável. | |
24 | |
A vitória sobre multidões mediante formações precisas deve ser | |
desconhecida das multidões. Todo mundo conhece a forma que resultou | |
em vencedor, porém ninguém conhece a forma que assegurou a vitória. | |
Em consequência, a vitória na guerra não é repetitiva, senão que | |
adapta sua forma continuamente. | |
Determinar as mudanças apropriadas, significa não repetir as | |
estratégias prévias para obter a vitória. Para consegui-la, posso | |
adaptar-me desde o princípio a qualquer formação que os adversários | |
possam adotar. | |
As formações são como a água: a natureza do água é evitar o alto e | |
ir para baixo; a natureza dos exércitos é evitar o cheio e atacar o vazio; | |
o fluxo do água está determinado pela terra; a vitória vem determinada | |
pelo adversário. | |
Assim, pois, um exército não tem formação constante, o mesmo que | |
o água não tem forma constante: se chama gênio à capacidade de obter | |
a vitória cambiando e adaptando-se segundo o inimigo. | |
25 | |
Sobre o enfrentamento direto e indireto | |
A regra ordinária para o uso do exército é que o mando do exército | |
receba ordens das autoridades civis e depois reúne e concentra a as | |
tropas, aquartelando-as juntas. Nada é mais difícil que a luta armada. | |
Lutar com outros cara a cara para conseguir vantagens é o mais | |
árduo do mundo. | |
A dificuldade da luta armada é fazer próximas as distâncias e | |
converter os problemas em vantagens. | |
Enquanto dás a aparência de estar muito longe, começa teu | |
caminho e chegas antes que o inimigo. | |
Portanto, fazes que sua rota seja larga, atraindo-o com a esperança | |
de ganhar. Quando empreendes a marcha depois que os outros e chegas | |
antes que eles, conheces a estratégia de fazer que as distâncias sejam | |
próximas. | |
Sirva-te de uma unidade especial para enganar ao inimigo | |
atraindo-o a uma falsa persecução, fazendo-o crer que o grosso de tuas | |
forças está muito longe; então, lanças uma força de ataque surpresa que | |
chega antes, ainda que tenhas começado o caminho depois. | |
Por conseguinte, a luta armada pode ser proveitosa e pode ser | |
perigosa. | |
Para o especialista é proveitosa, para o inexperiente, perigosa. | |
Mobilizar todo o exército para o combate para obter alguma | |
vantagem tomaria muito tempo, porém combater por uma vantagem | |
com um exército incompleto teria como resultado uma falta de recursos. | |
Se te mobilizas rapidamente e sem parar dia e noite, recorrendo o | |
duplo da distância habitual, e se lutas por obter alguma vantagem a | |
milhares de quilômetros, teus chefes militares serão feitos prisioneiros. | |
os soldados que sejam fortes chegarão ali primeiro, os mais cansados | |
chegarão depois – como regra geral, só o conseguirá um de cada dez. | |
26 | |
Quando a rota é larga as tropas se cansam; se gastaram sua força | |
na mobilização, chegam esgotadas enquanto que seus adversários estão | |
frescos. Assim, pois, é seguro que serão atacadas. | |
Combater por uma vantagem a cinquenta quilômetros de distância | |
frustrará os planos do mando, e, como regra geral, só a metade dos | |
soldados o farão. | |
Se combates para obter uma vantagem a trinta quilômetros de | |
distância, só dois de cada três soldados os recorrerão. | |
Assim, pois, um exército perece se não está equipado, se não tem | |
provisões ou se não tem dinheiro. | |
Estas três coisas são necessárias: não podes combater para ganhar | |
com um exército não equipado, ou sem provisões, o que o dinheiro | |
facilita. | |
Portanto, se ignoras os planos de teus rivais, não podes fazer | |
alianças precisas. | |
A menos que conheças as montanhas e os bosques, os desfiladeiros | |
e os passos, e a condição dos pântanos, não podes manobrar com uma | |
força armada. A menos que utilizes guias locais, não podes aproveitar- | |
te das vantagens do terreno. | |
Só quando conheces cada detalhe da condição do terreno podes | |
manobrar e guerrear. | |
Por conseguinte, uma força militar se usa segundo a estratégia | |
prevista, se mobiliza mediante a esperança de recompensa, e se adapta | |
mediante a divisão e a combinação. | |
Uma força militar se estabelece mediante a estratégia no sentido | |
de que distraias ao inimigo para que não possa conhecer qual é tua | |
situação real e não possa impor sua supremacia. Se mobiliza mediante | |
a esperança de recompensa, no sentido de que entra em ação quando vê | |
a possibilidade de obter uma vantagem. Dividir e tornar a fazer | |
combinações de tropas se fazes para confundir ao adversário e observar | |
como reage frente a ti; de esta maneira podes adaptar-te para obter a | |
vitória. | |
27 | |
Por isto, quando uma força militar se move com rapidez é como o | |
vento; quando vai lentamente é como o bosque; é voraz como o fogo e | |
imóvel como as montanhas. | |
É rápida como o vento no sentido que chega sem avisar e | |
desaparece como o relâmpago. É como um bosque porque tem uma | |
ordem. É voraz como o fogo que devasta uma planície sem deixar para | |
trás sequer um ramo de erva. É imóvel como uma montanha quando se | |
aquartela. | |
É tão difícil de conhecer como a escuridão; seu movimento é como | |
um trovão que retumba. | |
Para ocupar um lugar, divide a tuas tropas. Para expandir teu | |
território, divide benefícios. | |
A regra geral das operações militares é desprover de alimentos ao | |
inimigo tudo o que se possa. Em localidades onde as gentes não têm | |
muito, é necessário dividir às tropas em grupos pequenos para que | |
possam tomar em diversas partes o que necessitam, já que só assim | |
terão suficiente. | |
Quanto a dividir o saque, significa que é necessário reparti-lo entre | |
as tropas para guardar o que foi conquistado, não deixando que o | |
inimigo o recupere. | |
Age depois de ter feito estimativas. Ganha o que conhece primeiro | |
a medida do que está longe e o que está próximo: esta é a regra geral da | |
luta armada. | |
O primeiro que faz o movimento é o "convidado", o último é o | |
"anfitrião". O "convidado" o tem difícil, o "anfitrião o tem fácil". Perto e | |
longe significam deslocamento: o cansaço, a fome e frio surgem do | |
deslocamento. | |
Um antigo livro que trata de assuntos militares disse: "As palavras | |
não são escutadas, par isso se fazem os símbolos e os tambores. As | |
bandeiras e os estandartes se fazem por causa da ausência de | |
visibilidade." Símbolos, tambores, bandeiras e estandartes se utilizam | |
para concentrar e unificar os ouvidos e os olhos dos soldados. uma vez | |
que estão unificados, o valente não pode atuar só, nem o tímido pode | |
retirar-se solo: esta é a regra geral do emprego de um grupo. | |
28 | |
Unificar os ouvidos e os olhos dos soldados significa fazer que | |
olhem e escutem em uníssono de maneira que não caiam na confusão e | |
desordem. Há sinais se utilizam para indicar direções e impedir que os | |
indivíduos vão onde bem quiserem. | |
Assim, pois, em batalhas noturnas, utiliza fogos e tambores, e em | |
batalhas diurnas serve-te de bandeiras e estandartes, para controlar os | |
ouvidos e os olhos dos soldados. | |
Utiliza muitos sinais para confundir as percepções do inimigo e | |
fazer-lhe temer teu temível poder militar. | |
Desta forma, fazes desaparecer a energia de seus exércitos e | |
desmoralizas a seus generais. | |
Em primeiro lugar, deves ser capaz de manter-te firme em teu | |
próprio coração; só então podes desmoralizar a os generais inimigos. Por | |
isto, a tradição afirma que os habitantes de outros tempos tinham a | |
firmeza para desmoralizar, e a antiga lei dos que conduziam carros de | |
combate dizia que quando a mente original é firme, a energia fresca é | |
vitoriosa. | |
Deste modo, a energia da manhã está cheia de ardor, a do meio-dia | |
decai e a energia da noite se retira; em consequência, os especialistas | |
no manejo das armas preferem a energia entusiasta, atacam a | |
decadente e a que se bate em retirada. São eles os que dominam a | |
energia. | |
Qualquer débil no mundo se dispõe a combater em um minuto caso | |
se sinta animado, porém quando se trata realmente de tomar as armas | |
e de entrar em batalha, é possuído pela energia; quando esta energia se | |
desvanece, deter-se-á, estará assustado e se arrependerá de haver | |
começado. | |
Utilizar a ordem para enfrentar a desordem, utilizar a calma para | |
enfrentar-se com os que se agitam, isto é dominar o coração. | |
A menos que teu coração esteja totalmente aberto e tua mente em | |
ordem, não podes esperar ser capaz de adaptar-te a responder sem | |
limites, a manejar os acontecimentos de maneira infalível, a enfrentar | |
dificuldades graves e inesperadas sem te perturbar, dirigindo cada coisa | |
sem confusão. | |
29 | |
Dominar a força é esperar os que vêm de longe, aguardar com toda | |
a comodidade os que se tenham fatigado, e com o estômago saciado os | |
famintos. | |
Isto é o que se quer dizer quando se fala em atrair a outros até onde | |
estás, ao tempo que evitas ser induzido a ir até onde eles estejam. | |
Evitar a confrontação contra formações de combate bem ordenadas | |
e não atacar grandes batalhões constitui o domínio da adaptação. | |
Portanto, a regra geral das operações militares é não enfrentar | |
uma grande montanha nem se opor ao inimigo de costas a esta. | |
Isto significa que se os adversários estão em um terreno elevado, | |
não deves atacá-los costa acima, e que quando efetuam uma carga costa | |
abaixo, não deves fazer-lhes frente. | |
Não persigas os inimigos quando fingem uma retirada, nem | |
ataques tropas experientes. | |
Se os adversários fogem de repente antes de esgotar sua energia, | |
seguramente há emboscadas esperando para atacar tuas tropas; neste | |
caso, deves reter a teus oficiais para que não se lancem em sua | |
perseguição. | |
Não consumas a comida de seus soldados. | |
Se o inimigo abandona de repente suas provisões, estas devem ser | |
provadas antes de ser comidas, porque podem estar envenenadas. | |
Não detenhas nenhum exército que esteja em caminho a seu país. | |
Sob estas circunstâncias, um adversário lutará até a morte. Há que | |
deixar-lhe uma saída a um exército cercado. | |
Mostra-lhes uma maneira de salvar a vida para que não estejam | |
dispostos a lutar até à morte, e assim poderás aproveitar para atacar- | |
los. | |
Não pressiones um inimigo desesperado. | |
Um animal esgotado seguirá lutando, pois essa é a lei da natureza. | |
Estas são as leis das operações militares. | |
30 | |
Sobre as nove mudanças | |
No geral, as operações militares estão sob ordens do governante | |
civil para dirigir ao exército. | |
O General não deve erguer seu acampamento em terreno difícil. | |
Deixa que se estabeleçam relações diplomáticas nas fronteiras. Não | |
permaneças em um território árido nem isolado. | |
Quando te achas em terreno fechado, prepara alguma estratégia e | |
mova-te. | |
Quando te achares em terreno mortal, luta. | |
Terreno fechado significa que existem lugares escarpados que te | |
rodeiam por todas partes, de maneira que o inimigo tem mobilidade, | |
que pode chegar e ir-se com liberdade, porém a ti é difícil sair e voltar. | |
Cada rota deve ser estudada para que seja a melhor. Há rotas que | |
não deves usar, exércitos que não devem de ser atacados, cidades que | |
não devem ser sitiadas, terrenos sobre os que não se deve combater, e | |
ordens de governantes civis que não devem ser obedecidas. | |
Em consequência, os generais que conhecem as variáveis possíveis | |
para aproveitar-se do terreno sabem como manejar as forças armadas. | |
Se os generais não sabem como adaptar-se de maneira vantajosa, | |
mesmo que conheçam a condição do terreno, não podem aproveitar-se | |
dele. | |
Se estão ao mando de exércitos, porém ignoram as artes da total | |
adaptabilidade, mesmo que conheçam o objetivo a lograr, não podem | |
fazer que os soldados lutem por ele. | |
Se és capaz de ajustar a campanha de modo que mude conforme ao | |
ímpeto das forças, então a vantagem não muda, e os únicos que são | |
prejudicados são os inimigos. Por esta razão, não existe uma estrutura | |
permanente. Se podes compreender totalmente este princípio, podes | |
fazer que os soldados atuem na melhor forma possível. | |
Portanto, as considerações da pessoa inteligente sempre incluem o | |
analisar objetivamente o benefício e o prejuízo. Quando considera o | |
31 | |
benefício, sua ação se expande; quando considera o dano, seus | |
problemas podem resolver-se. | |
O benefício e o dano são interdependentes, e os sábios os tem em | |
conta. | |
Por isso, o que retira os adversários é o dano, o que os mantêm | |
ocupados é a ação, e o que lhes motiva é o benefício. | |
Cansa os inimigos mantendo-os ocupados e não deixando-lhes | |
respirar. Porém antes lográ-lo, tens que realizar previamente teu | |
próprio labor. Esse trabalho consiste em desenvolver um exército forte, | |
um povo próspero, uma sociedade harmoniosa e uma maneira ordenada | |
de viver. | |
Assim, pois, a norma geral das operações militares consiste em não | |
contar com que o inimigo não acuda, senão confiar em ter os meios de | |
enfrentá-lo; não contar com que o adversário não ataque, senão confiar | |
em possuir o que não pode ser atacado. | |
Se podes recordar sempre o perigo quando estás a salvo e o caos em | |
tempos de ordem, permanece atento ao perigo e ao caos enquanto não | |
tenham, todavia, forma, e evita-os antes de que se apresentem; esta é a | |
melhor estratégia de todas. | |
Por isto, existem cinco riscos que são perigosos nos generais. Os | |
que estão dispostos a morrer, podem perder a vida; os que querem | |
preservar a vida, podem ser feitos prisioneiros; os que são dados a | |
apaixonamentos irracionais, podem ser ridicularizados; os que são | |
muito puritanos, podem ser desonrados; os que são compassivos, podem | |
ser perturbados. | |
Se te apresentas em um lugar que com toda segurança os inimigos | |
se precipitarão a defender, as pessoas compassivas se apressarão | |
invariavelmente a resgatar seus habitantes, causando a si mesmas | |
problemas e cansaço. | |
Estes são cinco riscos que constituem defeitos nos generais e que | |
são desastrosos para as operações militares. | |
Os bons generais são diferentes: comprometem-se até a morte, | |
porém não se aferram à esperança de sobreviver; atuam de acordo com | |
os acontecimentos, em forma racional e realista, sem deixar-se levar por | |
32 | |
as emoções nem estar sujeitos a ficar confusos. Quando vêm uma boa | |
oportunidade, são como tigres, em caso contrário cerram suas portas. | |
Sua ação e sua não ação são questões de estratégia, e não podem ser | |
agradados nem aborrecidos. | |
33 | |
Sobre a distribuição dos meios | |
As manobras militares são o resultado dos planos e estratégias na | |
maneira mais vantajosa para ganhar. Determinam a mobilidade e | |
eficiência das tropas. | |
Se vais colocar teu exército em posição de observar ao inimigo, | |
atravessa rápido as montanhas e vigia-os de um vale. | |
Considera o efeito da luz e mantenha-te na posição mais elevada | |
do vale. Quando combateres numa montanha, ataca de cima para baixo, | |
e não o contrário. | |
Combate estando costa abaixo e nunca costa acima. Evita que a | |
água dívida tuas forças, afasta-te das condições desfavoráveis o quanto | |
antes. Não enfrentes os inimigos dentro da água; é conveniente deixar | |
que passem a metade de suas tropas e nesse momento dividi-las e atacá- | |
las. | |
Não te situes rio abaixo. Não caminhes contra da corrente, nem em | |
contra o vento. | |
Se acampas na beira de um rio, teus exércitos podem ser | |
surpreendidos de noite, empurrados para se afogar ou se lhes pode | |
colocar veneno na corrente. Tuas barcas não devem ser amarradas | |
corrente abaixo, para impedir que o inimigo aproveite a corrente | |
lançando seus barcos contra ti. Se atravessa pântanos, faça-o | |
rapidamente. Se te encontras frente a um exército em meio de um | |
pântano, permanece próximo de suas plantas aquáticas ou respaldado | |
pelas árvores. | |
Em uma planície, toma posições que sejam fáceis de manobrar, | |
mantendo as elevações do terreno atrás e a tua direita, estando as | |
partes mais baixas diante e as mais altas atrás. | |
Geralmente, um exército prefere um terreno elevado e evita um | |
terreno baixo, aprecia a luz e detesta a escuridão. | |
Os terrenos elevados são estimulantes, e portanto, a gente se acha | |
a gosto em eles; ademais são convenientes para adquirir a força do | |
ímpeto. Os terrenos baixos são úmidos, o qual provoca enfermidades e | |
dificulta o combate. | |
34 | |
Cuida da saúde física de teus soldados com os melhores recursos | |
disponíveis. | |
Quando não existe a enfermidade em um exército, se disse que este | |
é invencível. | |
Onde haja montículos e terraplanos, situa-te em seu lado | |
ensolarado, mantendo-os sempre a tua direita e atrás. | |
Colocar-se na melhor parte do terreno é vantajoso para uma força | |
militar. | |
A vantagem em uma operação militar consiste na aproveitar-se de | |
todos os fatores benéficos do terreno. | |
Quando chove, rio acima a corrente traz consigo a espuma, se | |
queres cruzá-lo, espera a que acalme. | |
Sempre que um terreno apresente barrancos infranqueáveis, | |
lugares fechados, armadilhas, riscos, grutas e prisões naturais, deves | |
abandoná-lo rapidamente e não te aproximes dele. No que me concerne, | |
sempre me mantenho distante destes acidentes do terreno, de maneira | |
que os adversários estejam mais perto que eu deles; dou a face a estes | |
acidentes, de maneira que fiquem às costas do inimigo. | |
Então estás em situação vantajosa, e ele tem condições | |
desfavoráveis. | |
Quando um exército se está deslocando, se atravessa territórios | |
montanhosos com muitas correntes de água e poços, ou pântanos | |
cobertos de juncos, ou bosques virgens cheios de árvores e vegetação, é | |
imprescindível esquadrinhá-los totalmente e com cuidado, já que estes | |
lugares ajudam nas emboscadas e a os espiões. | |
É essencial descer do cavalo e esquadrinhar o terreno, pois podem | |
existir tropas escondidas para tentar uma emboscada. Também pode | |
ser que haja espiões à espreita observando-te e escutando tuas | |
instruções e movimentos. | |
Quando o inimigo está perto, permanece calmo, queres dizer que | |
se achas em posição forte. Quando está longe, porém tenta provocar | |
hostilidades, queres que avances. Se, ademais, sua posição é acessível, | |
isso queres dizer que lhe é favorável. | |
35 | |
Se um adversário não conserva a posição que lhe é favorável pelas | |
condições do terreno e se situa em outro lugar conveniente, deve ser | |
porque existe alguma vantagem tática para agir desta maneira. | |
Se as árvores se movem, é que o inimigo se está aproximando. Se | |
há obstáculos entre os brejos, é que tomaste um mal caminho. | |
A ideia de pôr muitos obstáculos entre os matos é fazer-te pensar | |
que existem tropas emboscadas escondidas em meio de ela. | |
Se os pássaros alçam o voo, há tropas emboscadas no lugar. se os | |
animais estão assustados, existem tropas atacantes. Caso se elevem | |
colunas de pó altas e espessas, há carros que se estão aproximando; se | |
são baixas e largas, aproximam-se soldados a pé. Nuvens de fumaça | |
esparsas significam que se está cortando lenha. Pequenas nuvens de pó | |
que vão e vem indicam que se está levantando acampamento. | |
Se os emissários do inimigo pronunciam palavras humildes | |
enquanto este incrementa seus preparativos de guerra, isto quer dizer | |
que vai avançar. Quando se pronunciam palavras altissonantes e se | |
avança ostensivamente, é sinal de que o inimigo se vai retirar. | |
Se seus emissários vêm com palavras humildes, envia espiões para | |
observar o inimigo e comprovarás que está aumentando seus | |
preparativos de guerra. | |
Quando os carros ligeiros saem em primeiro lugar e se situam nos | |
flancos, estão estabelecendo uma frente de batalha. | |
Se os emissários chegam pedindo a paz sem firmar um tratado, | |
significa que estão tramando algum complô. | |
Se o inimigo dispõe rapidamente seus carros em filas de combate, | |
é que está esperando reforços. | |
Não se precipitarão para um encontro ordinário se não entendem | |
que lhes será enviada ajuda, ou deve haver uma força que se ache à | |
distância e que é esperada em um determinado momento para unir suas | |
tropas e atacar-te. Convém antecipar, preparar-se imediatamente para | |
esta eventualidade. | |
Se a metade de suas tropas avança e a outra metade retrocede, é | |
que o inimigo pensa atrair-te a uma armadilha. | |
36 | |
O inimigo está fingindo neste caso confusão e desordem para | |
incitar-te a que avances. | |
Se os soldados inimigos se apoiam uns nos outros, é que estão | |
famintos. | |
Se os aguadores bebem em primeiro lugar, é que as tropas estão | |
sedentas. | |
Se o inimigo vê uma vantagem, porém não a aproveita, é que está | |
cansado. | |
Se os pássaros se reúnem no campo inimigo, é que o lugar está | |
vazio. | |
Se há pássaros sobrevoando uma cidade, o exército fugiu. | |
Se são produzidas chamadas noturnas, é que os soldados inimigos | |
estão atemorizados. Tem medo e estão inquietos, e por isso chamam uns | |
aos outros. | |
Se o exército não tem disciplina, isto quer dizer que o general não | |
é levado a sério. | |
Se os estandartes se movem, é que está sumido na confusão. Há | |
sinais que são usados para unificar o grupo; assim, pois, caso se | |
desloquem de lá para cá sem ordem nem conserto, significa que suas | |
fileiras estão confusas. | |
Se seus emissários mostram irritação, significa que estão cansados. | |
Se matam seus cavalos para obter carne, é que os soldados carecem | |
de alimentos; quando não têm marmitas e não voltam a seu | |
acampamento, são inimigos completamente desesperados. | |
Se produzem murmurações, faltas de disciplina e os soldados falam | |
muito entre si, queres dizer que foi perdida a lealdade da tropa. | |
As murmurações descrevem a expressão dos verdadeiros | |
sentimentos; as faltas de disciplina indicam problemas com os | |
superiores. Quando o mando perdeu a lealdade das tropas, os soldados | |
se falam com franqueza sobre os problemas com seus superiores. | |
37 | |
Se outorgam numerosas recompensas, é que o inimigo se acha em | |
um beco sem saída; quando se ordenam demasiados castigos, é que o | |
inimigo está desesperado. | |
Quando a força de seu ímpeto está esgotada, outorgam constantes | |
recompensas para ter contentes os soldados, para evitar que se rebelem | |
em massa. Quando os soldados estão tão esgotados que não podem | |
cumprir as ordens, são castigados uma e outra vez para restabelecer a | |
autoridade. | |
Ser violento no princípio e terminar depois temendo os próprios | |
soldados é o cúmulo da inépcia. | |
Os emissários que acodem com atitude conciliatória indicam que o | |
inimigo quer uma trégua. | |
Se as tropas inimigas enfrentam a ti com ardor, porém demoram o | |
momento de entrar em combate sem abandonar não obstante o terreno, | |
deves observá-los cuidadosamente. | |
Estão preparando um ataque por surpresa. | |
Em assuntos militares, não é necessariamente mais benéfico ser | |
superior em forças, só evitar atuar com violência desnecessária; é | |
suficiente com consolidar teu poder, fazer estimações sobre o inimigo e | |
conseguir reunir tropas; isso é tudo. | |
O inimigo que atua isoladamente, que carece de estratégia e que | |
toma à dianteira a seus adversários, inevitavelmente acabará sendo | |
derrotado. | |
Se teu plano não contém uma estratégia de retirada ou posterior | |
ao ataque, senão que confias exclusivamente na força de teus soldados, | |
e tomas à dianteira a teus adversários sem valorar sua condição, com | |
toda segurança cairás prisioneiro. | |
Se castigas os soldados antes de ter conseguido que sejam leais ao | |
mando, não obedecerão, e se não obedecem, serão difíceis de empregar. | |
Tampouco poderão ser empregados se não se leva a cabo nenhum | |
castigo, inclusive depois de haver obtido sua lealdade. | |
38 | |
Quando existe um sentimento profundo de apreço e confiança, e os | |
corações dos soldados estão vinculados ao mando, se relaxares a | |
disciplina, os soldados se tornarão arrogantes e será impossível usá-los. | |
Portanto, dirige-os mediante a arte civilizada e unifica-os mediante | |
as artes marciais; isto significa uma vitória continua. | |
Arte civilizada significa humanidade, e artes marciais significam | |
regulamentos. | |
Mandar-lhes com humanidade e benevolência, unificá-los de | |
maneira estrita e firme. | |
Quando a benevolência e a firmeza são evidentes, é possível estar | |
seguro da vitória. | |
Quando as ordens se dão de maneira clara, sensata e consequente, | |
as tropas as aceitam. Quando as ordens são confusas, contraditórias e | |
mudam a toda hora as tropas não as aceitam ou não as entendem. | |
Quando as ordens são razoáveis, justas, sensatas, claras e | |
consequentes, existe uma satisfação recíproca entre o líder e o grupo. | |
39 | |
Sobre a topologia | |
Alguns terrenos são fáceis, outros difíceis, alguns neutros, outros | |
estreitos, acidentados ou abertos. | |
Quando o terreno seja acessível, seja o primeiro a estabelecer tua | |
posição, escolhendo as alturas ensolaradas; uma posição que seja | |
adequada para transportar os mantimentos; assim terás vantagem | |
quando fores a batalha. | |
Quando estiveres em terreno difícil de sair, estás limitado. Neste | |
terreno, se teu inimigo não está preparado, podes vencer se segues | |
adiante, porém se o inimigo está preparado e segues adiante, terás | |
muitas dificuldades para retornar de novo a ele, o que contará contra ti. | |
Quando é um terreno desfavorável para ambos, diz-se que é um | |
terreno neutro. Em um terreno neutro, inclusive se o adversário te | |
oferece uma vantagem, não te aproveites de ela: retira-te, induzindo a | |
sair à metade das tropas inimigas, e então cai sobre ele aproveitando- | |
te desta condição favorável. | |
Em um terreno estreito, se és o primeiro a chegar, deves ocupá-lo | |
totalmente e esperar o adversário. Se ele chega antes, não o persigas se | |
bloqueia os desfiladeiros. Persiga-o só se não os bloqueia. | |
Em terreno acidentado, se és o primeiro a chegar, deves ocupar | |
seus pontos altos e ensolarados e esperar o adversário. Se este já os | |
ocupou antes, retira-te e não o persigas. | |
Em um terreno aberto, a força do ímpeto se encontra igualada, e é | |
difícil provocar-lhe a combater de maneira desvantajosa para ele. | |
Entender estas seis classes de terreno é a responsabilidade | |
principal do general, e é imprescindível considerá-los. | |
Estas são as configurações do terreno; os generais que as ignoram | |
saem derrotados. | |
Assim, pois, entre as tropas estão as que fogem, que se retraem, as | |
que se derrubam, as que se rebelam e as que são derrotadas. Nenhuma | |
destas circunstâncias constituem desastres naturais, senão que são | |
devidas aos erros dos generais. | |
40 | |
As tropas que tem o mesmo ímpeto, porém que atacam em | |
proporção de um contra dez, saem derrotadas. Os que tem tropas fortes, | |
porém cujos oficiais são débeis, ficam retraídos. | |
Os que tem soldados débeis ao mando de oficiais fortes, ver-se-ão | |
em apuros. Quando os oficiais superiores estão encolerizados e são | |
violentos, e enfrentam o inimigo por sua conta e por despeito, e quando | |
os generais ignoram suas capacidades, o exército desmoronará. | |
Como norma geral, para poder vencer ao inimigo, todo o mando | |
militar deve ter uma só intenção e todas as forças militares devem | |
cooperar. | |
Quando os generais são débeis e carecem de autoridade, quando as | |
ordens não são claras, quando oficiais e soldados não tem solidez e as | |
formações são anárquicas, produz-se revolta. | |
Os generais derrotados são aqueles que são incapazes de analisar | |
a os adversários, entram em combate com forças superiores em número | |
ou melhor equipadas, e não selecionam a suas tropas segundo os seus | |
níveis de preparação. | |
Se empregas soldados sem selecionar os preparados dos não | |
preparados, os arrojados e os timoratos, estás buscando tua própria | |
derrota. | |
Estas são as seis maneiras de ser derrotado. a compreensão de | |
estas situações é a responsabilidade suprema dos generais e devem ser | |
consideradas. | |
A primeira é não equilibrar o número de forças; a segunda, a | |
ausência de um sistema claro de recompensas e castigos; a terceira, a | |
insuficiência de treinamento; a quarta é a paixão irracional; a quinta é | |
a ineficácia da lei de ordem; e a sexta é a falha em não selecionar os | |
soldados fortes e resolutos. | |
A configuração do terreno pode ser apoio para o exército; para os | |
chefes militares, o curso da ação adequada é avaliar o adversário para | |
assegurar a vitória e calcular os riscos e as distâncias. Saem vencedores | |
os que lideram batalhas conhecendo estes elementos; saem derrotados | |
os que lutam ignorando-os. | |
41 | |
Portanto, quando as leis da guerra assinalam uma vitória segura é | |
claramente apropriado começar batalha, inclusive se o governo tenha | |
dado ordens de não atacar. Se as leis da guerra não indicam uma vitória | |
segura, é adequado não entrar em batalha, mesmo que o governo tenha | |
dado a ordem de atacar. Deste modo se avança sem pretender a glória, | |
se ordena a retirada sem evitar a responsabilidade, com o único | |
propósito de proteger a população e em benefício também do governo; | |
assim se presta um serviço valioso a nação. | |
Avançar e retirar-se contra das ordens do governo não se faz em | |
interesse pessoal, senão para salvaguardar as vidas da população e no | |
autêntico benefício do governo. Servidores de este talhe são muito úteis | |
para um povo. | |
Olha por teus soldados como olhas a um recém-nascido; assim | |
estarão dispostos a seguir-te até os vales mais profundos; cuida de teus | |
soldados como cuidas de teus queridos filhos, e morrerão gostosamente | |
contigo. | |
Porém se és tão amável com eles que não os podes utilizar, se és | |
tão indulgente que não lhes podes dar ordens, tão informal que não | |
podes discipliná-los, teus soldados serão como crianças mimadas e, | |
portanto, imprestáveis. | |
As recompensas não devem ser usadas sós, nem deve confiar-se | |
somente nos castigos. Caso contrário, as tropas, como crianças | |
mimadas, se acostumam a desfrutar ou a ficar ressentidas por tudo. Isto | |
é danoso e os torna imprestáveis. | |
Se sabes que teus soldados são capazes de atacar, porém ignoras | |
se o inimigo é invulnerável a um ataque, tens só a metade de | |
possibilidades de ganhar. Se sabes que teu inimigo é vulnerável a um | |
ataque, porém ignoras se teus soldados são capazes de atacar, só tens a | |
metade de possibilidades de ganhar. Se sabes que o inimigo é vulnerável | |
a um ataque, e teus soldados podem levá-lo a cabo, porém ignoras se a | |
condição do terreno é favorável para a batalha, tens a metade de | |
probabilidades de vencer. | |
Portanto, os que conhecem as artes marciais não perdem tempo | |
quando efetuam seus movimentos, nem se esgotam quando atacam. | |
Devido a isto se diz que quando conheces a ti mesmo e conheces os | |
42 | |
demais, a vitória não é um perigo; quando conheces o céu e a terra, a | |
vitória é inesgotável. | |
43 | |
Sobre as nove classes de terreno | |
Conforme as leis das operações militares, existem nove classes de | |
terreno. | |
Se lutam entre si em seu próprio território, a este se lhe chama | |
terreno de dispersão. | |
Quando os soldados estão apegados a sua casa e combatem próximo | |
de seu lar, podem ser dispersados com facilidade. | |
Quando penetras em território alheio, porém não o fazes em | |
profundidade, a este se chama território ligeiro. | |
Isto significa que os soldados podem regressar facilmente. | |
O território que pode resultar-te vantajoso se o tomas, e vantajoso | |
ao inimigo se é ele quem o conquista, se chama terreno chave. | |
Um terreno de luta inevitável é qualquer penetração defensiva ou | |
passo estratégico. | |
Um território igualmente acessível para ti e para os demais se | |
chama terreno de comunicação. | |
O território que está rodeado por três territórios rivais e és o | |
primeiro a proporcionar livre acesso a ele a todos se chama terreno de | |
interseção. | |
O terreno de interseção é aquele ao que convergem as principais | |
vias de comunicação unindo-as entre si: seja o primeiro em ocupá-lo, e | |
os demais terão que pôr-se a teu lado. Se o obténs, te encontras seguro; | |
se o perdes, corres perigo. | |
Quando penetras em profundidade em um território estranho, e | |
deixas atrás muitas cidades e povos, a este terreno se chama difícil. | |
É um terreno do qual é difícil regressar. | |
Quando atravessas montanhas com bosques, desfiladeiros | |
abruptos ou outros acidentes difíceis de atravessar, a isto se chama | |
terreno desfavorável. | |
44 | |
Quando o acesso é estreito e a saída é tortuosa, de maneira que | |
uma pequena unidade inimiga pode atacar-te, mesmo que tuas tropas | |
sejam mais numerosas, a este se chama terreno cercado. | |
Se és capaz de uma grande adaptação, podes atravessar este | |
território. | |
Se só podes sobreviver em um território lutando com rapidez, e se | |
é fácil morrer se não o fazes, a este se chama terreno mortal. | |
As tropas que se encontram em um terreno mortal estão na mesma | |
situação que se encontrassem numa barca que afunda ou em uma casa | |
ardendo. | |
Assim, pois, não combatas em um terreno de dispersão, não te | |
detenhas em um terreno ligeiro, não ataques em um terreno chave | |
(ocupado pelo inimigo) não deixes que tuas tropas sejam divididas em | |
um terreno de comunicação. Em terrenos de interseção, estabelece | |
comunicações; em terrenos difíceis, entra com provisões; em terrenos | |
desfavoráveis, continua marchando; em terrenos cercados, faz planos; | |
em terrenos mortais, luta. | |
Em um terreno de dispersão, os soldados podem fugir. Um terreno | |
ligeiro é quando os soldados penetram em território inimigo, todavia | |
não têm às costas cobertas; por isso, suas mentes não estão realmente | |
concentradas e não estão atentas para a batalha. Não é vantajoso atacar | |
ao inimigo em um terreno chave; o que é vantajoso é chegar primeiro a | |
ele. Não se deve permitir que fique isolado o terreno de comunicação, | |
para poder servir-se das rotas de mantimentos. Em terrenos de | |
interseção, estarás a salvo se estabeleces alianças; se as perdes, te | |
encontrarás em perigo. Em terrenos difíceis, entrar com provisões | |
significa reunir todo o necessário para estar ali muito tempo. Em | |
terrenos desfavoráveis, já que não podes entrincheirar-te nele, deves | |
apressar-te em sair. Em terrenos cercados, introduz táticas de surpresa. | |
Se as tropas caem em um terreno mortal, todos lutarão de maneira | |
espontânea. Por isto se disse: "Situa as tropas em um terreno mortal e | |
sobreviverão." | |
45 | |
Os que eram antes considerados como especialistas na arte da | |
guerra eram capazes de fazer que o inimigo perdesse contato entre sua | |
vanguarda e sua retaguarda, a confiança entre as grandes e as | |
pequenas unidades, o interesse recíproco pelo bem-estar dos diferentes | |
linhas, o apoio mútuo entre governantes e governados, o alistamento de | |
soldados e a coerência de seus exércitos. Estes especialistas entravam | |
em ação quando lhes era vantajoso, e se retraíam em caso contrário. | |
Introduziam mudanças para confundir ao inimigo, atacando-os | |
aqui e ali, aterrorizando-os e semeando entre eles a confusão, de tal | |
maneira que não lhes davam tempo para fazer planos. | |
Poder-se-ia perguntar como enfrentar forças inimigas numerosas e | |
bem organizadas que se dirigem até a ti. A resposta é dar-lhes em | |
primeiro lugar algo que apreciem, e depois te escutarão. | |
A rapidez de ação é o fator essencial da condição da força militar, | |
aproveitando-se dos erros dos adversários, desviando-os por caminhos | |
que não esperam e atacando quando não estão em guarda. | |
Isto significa que para aproveitar-se da falta de preparação, de | |
visão e de cautela dos adversários, é necessário atuar com rapidez, e que | |
se vacilas, esses erros não te servirão de nada. | |
Numa invasão, por regra geral, quanto mais se adentram os | |
invasores no território estranho, mais fortes se fazem, até o ponto de | |
que o governo nativo não pode expulsá-los. | |
Escolhe campos férteis, e as tropas terão suficiente para comer. | |
Cuida de sua saúde e evita o cansaço, consolida sua energia, aumenta | |
sua força. Que os movimentos de tuas tropas e a preparação de teus | |
planos sejam insondáveis. | |
Consolida a energia mais entusiasta de tuas tropas, economiza as | |
forças restantes, mantém em segredo tuas formações e teus planos, | |
permanecendo insondável para os inimigos, e espera a que se produza | |
um ponto vulnerável para avançar. | |
Situa tuas tropas em um ponto que não tenha saída, de maneira | |
que tenham que morrer antes de poder escapar. O que, ante a | |
possibilidade da morte, não estarão dispostas a fazer? Os guerreiros dão | |
então o melhor de suas forças. Quando se acham ante um grave perigo, | |
46 | |
perdem o medo. Quando não há nenhum local onde ir, permanecem | |
firmes; quando estão totalmente implicados em um terreno, se aferram | |
a ele. Se não têm outra opção, lutarão até o final. | |
Por esta razão, os soldados estão vigilantes sem ter que ser | |
estimulados, se alistam sem ter que ser chamados às fileiras, são | |
amistosos sem necessidade de promessas, e se pode confiar neles sem | |
necessidade de ordens. | |
Isto significa que quando os combatentes se encontram em perigo | |
de morte, seja qual seja seu risco, todos têm o mesmo objetivo e, | |
portanto, estão alerta sem necessidade de ser estimulados, tem boa | |
vontade de maneira espontânea e sem necessidade de receber ordens, e | |
pode confiar-se de maneira natural neles sem promessas nem | |
necessidade de hierarquia. | |
Proíbe os augúrios para evitar as dúvidas, e os soldados nunca te | |
abandonarão. Se teus soldados não têm riquezas, não é porque as | |
desdenhem. Se não têm mais longevidade, não é porque não queiram | |
viver mais tempo. O dia em que se dá a ordem de marcha, os soldados | |
choram. | |
Assim, pois, uma operação militar preparada com perícia deve ser | |
como uma serpente veloz que contra ataca com sua cauda quando | |
alguém lhe ataca pôr a cabeça, contra ataca com a cabeça quando | |
alguém lhe ataca pela cauda e contra ataca com cabeça e cauda, quando | |
alguém lhe ataca pelo meio. | |
Esta imagem representa o método de uma linha de batalha que | |
responde velozmente quando é atacada. Um manual de oito formações | |
clássicas de batalha diz: "Faz da frente a retaguarda, faz da retaguarda | |
a frente, com quatro cabeças e oito caudas. Faz que a cabeça esteja em | |
todas partes, e quando o inimigo arremete pelo centro, cabeça e cola | |
acudirão ao resgate." | |
Pode perguntar-se a questão de se é possível fazer que uma força | |
militar seja como uma serpente rápida. A resposta é afirmativa. | |
Inclusive as pessoas que se tem antipatia, se encontrarão no mesmo | |
barco, se ajudarão entre se em caso de perigo de soçobrar. | |
É a força da situação que faz que isto suceda. | |
47 | |
Por isto, não basta depositar a confiança em cavalos atados e rodas | |
fixas. | |
Se atam os cavalos para formar uma linha de combate estável, e se | |
fixam as rodas para fazer que os carros não se possam mover. Porém | |
ainda assim, isto não é suficientemente seguro nem se pode confiar | |
nisso. É necessário permitir que haja variantes às mudanças que se | |
fazem, pondo os soldados em situações mortais, de maneira que | |
combatam de forma espontânea e se ajudem entre si, cotovelo com | |
cotovelo: este é o caminho da segurança e da obtenção de uma vitória | |
certa. | |
A melhor organização é fazer que se expresse o valor e mantê-lo | |
constante. Ter êxito tanto com tropas débeis como com tropas | |
aguerridas se baseia na configuração das circunstâncias. | |
Se obténs a vantagem do terreno, podes vencer os adversários, | |
inclusive com tropas ligeiras e débeis; quanto mais te seria possível se | |
tens tropas poderosas e aguerridas? o que faz possível a vitória a ambas | |
classes de tropas é as circunstancias do terreno. | |
Portanto, os especialistas em operações militares obtêm a | |
cooperação da tropa, de tal maneira que dirigir um grupo é como dirigir | |
a um só indivíduo que não tem mais que uma só opção. | |
Corresponde ao general ser tranquilo, reservado, justo e metódico. | |
Seus planos são tranquilos e absolutamente secretos para que | |
ninguém possa descobri-los. Seu mando é justo e metódico, assim que | |
ninguém se atreve a tomar sua frente. | |
Pode manter seus soldados sem informação e em completa | |
ignorância de seus planos. | |
Muda suas ações e revisa seus planos, de maneira que ninguém | |
possa reconhecê-los. Muda de lugar e de prazos, e se desloca por | |
caminhos sinuosos, de maneira que ninguém possa antecipá-lo. | |
Podes ganhar quando ninguém pode entender em nenhum | |
momento quais são tuas intenções. | |
Disse um Grande Homem: "O principal engano que se valora nas | |
operações militares não se dirige só aos inimigos, senão o que começa | |
48 | |
em suas próprias tropas, para fazer que te sigam sem saber aonde vão." | |
Quando um general fixa uma meta a suas tropas, é como o que sobe a | |
um lugar elevado e depois retira a escada. Quando um general se | |
adentra muito no interior do território inimigo, está pondo à prova tudo | |
seu potencial. | |
Pode queimar as naves das suas tropas e destruir suas casas; assim | |
as conduz como um rebanho e todos ignoram até onde se encaminham. | |
Incumbe os generais reunir a os exércitos e pô-los em situações | |
perigosas. Também devem examinar as adaptações aos diferentes | |
terrenos, as vantagens de concentrar-se ou dispersar-se, e as pautas dos | |
sentimentos e situações humanas. | |
Quando se fala de vantagens e de desvantagens da concentração e | |
da dispersão, se quer dizer que as pautas dos comportamentos humanos | |
mudam segundo os diferentes tipos de terreno. | |
A norma geral dos invasores é unir-se quando estão no coração do | |
território inimigo, porém tendem a se dispersar quando estão nas orlas | |
fronteiriças. Quando deixas teu território e atravessas a fronteira em | |
uma operação militar, te achas em terreno isolado. | |
Quando é acessível desde todos os pontos, é um terreno de | |
comunicação. | |
Quando te adentras em profundidade, estás em um terreno difícil. | |
Quando penetras pouco, estás em um terreno ligeiro. | |
Quando a tuas costas se achem espessuras infranqueáveis e diante | |
passagens estreitas, estás em um terreno cercado. | |
Quando não há nenhum local donde ir, se trata de um terreno | |
mortal. | |
Assim, pois, em um terreno de dispersão, unifica as mentes dos | |
soldados. Em terreno ligeiro, as mantenha em contato. Em um terreno | |
chave, apressa-as para tomá-lo. Em um terreno de interseção, presta | |
atenção à defesa. Em um terreno de comunicação, estabeleceria sólidas | |
alianças. Em um terreno difícil, assegura mantimentos continuados. | |
Em terreno desfavorável, apressa tuas tropas a sair rapidamente dele. | |
Em terreno cercado, cerra as entradas. Em terreno mortal, indica a tuas | |
tropas que não existe nenhuma possibilidade de sobreviver. | |
49 | |
Por isto, a psicologia dos soldados consiste em resistir quando se | |
veem rodeados, lutar quando não se pode evitar, e obedecer em casos | |
extremos. | |
Até que os soldados não se vejam rodeados, não tem a | |
determinação de resistir ao inimigo até alcançar a vitória. Quando estão | |
desesperados, apresentam uma defesa unificada. | |
Por isso, os que ignoram os planos inimigos não podem preparar | |
alianças. | |
Os que ignoram as circunstâncias do terreno não podem fazer | |
manobrar suas forças. Os que não utilizam guias locais não podem | |
aproveitar-se do terreno. Os militares de um governo eficaz devem | |
conhecer todos estes fatores. | |
Quando o exército de um governo eficaz ataca um grande território, | |
o povo não se pode unir. Quando seu poder supera os adversários, é | |
impossível fazer alianças. | |
Se podes averiguar os planos de teus adversários, aproveita-te do | |
terreno e faz manobrar o inimigo de maneira que se encontre indefeso; | |
neste caso, nem sequer um grande território pode reunir suficientes | |
tropas para deter-te. | |
Portanto, se não lutas por obter alianças, não aumentas o poder de | |
nenhum país, porém estendes tua influência pessoal ameaçando os | |
adversários, tudo isso faz com que o país e as cidades inimigas sejam | |
vulneráveis. | |
Outorga recompensas que não estejam reguladas e dá ordens | |
incomuns. | |
Considera a vantagem de outorgar recompensas que não tenham | |
precedentes, observa como o inimigo faz promessas sem ter em conta os | |
códigos estabelecidos. | |
Maneja as tropas como se fossem uma só pessoa. Emprega-as em | |
tarefas reais, porém não lhes fale. Motiva-as com recompensas, porém | |
não comente os possíveis prejuízos. | |
Emprega teus soldados só em combater, sem comunicar-lhes tua | |
estratégia. Deixe-os conhecer os benefícios que os esperam, porém não | |
50 | |
lhes fales dos danos potenciais. Se a verdade se filtra, tua estratégia | |
pode afundar. Se os soldados começam a preocupar-se, tornar-se-ão | |
vacilantes e temerosos. | |
Coloque-os em uma situação de possível extermínio, e então | |
lutarão para viver. Ponha-os em perigo de morte, e então sobreviverão. | |
Quando as tropas afrontam perigos, são capazes de lutar para obter a | |
vitória. | |
Assim, pois, a tarefa de uma operação militar é fingir acomodar-se | |
às intenções do inimigo. Se te concentras totalmente nisso, podes matar | |
seu general mesmo que estejas a quilômetros de distância. A isto se | |
chama cumprir o objetivo com perícia. | |
No princípio acomodas a suas intenções, depois matas a seus | |
generais: esta é a perícia no cumprimento do objetivo. | |
Assim, o dia em que se declara a guerra, se cerram as fronteiras, | |
se rompem os salvo-condutos e se impede o passo de emissários. | |
Os assuntos se decidem rigorosamente desde que se começa a | |
planejar e estabelecer a estratégia desde a casa ou quartel general. | |
O rigor nos quartéis-generais na fase de planificação se refere à | |
manutenção do segredo. | |
Quando o inimigo oferece oportunidades, aproveite-as | |
imediatamente. | |
Inteira-te primeiro do que pretende, e depois antecipa-te a ele. | |
Mantém a disciplina e adapta-te ao inimigo, para determinar o | |
resultado da guerra. Assim, ao princípio eras como uma donzela e o | |
inimigo abre suas portas; então, tu és como uma lebre solta, e o inimigo | |
não poderá expulsar-te. | |
51 | |
Sobre a arte de atacar pelo fogo | |
Existem cinco classes de ataques mediante o fogo: queimar as | |
pessoas, queimar os mantimentos, queimar o equipamento, queimar os | |
depósitos e queimar as armas. | |
O uso do fogo tem que ter uma base, e exige certos meios. Existem | |
momentos adequados para acender fogos, concretamente quando o | |
tempo é seco e ventoso. | |
Normalmente, em ataques mediante o fogo é imprescindível seguir | |
as mudanças produzidas por este. Quando o fogo está dentro do | |
acampamento inimigo, prepara-te rapidamente desde fora. Se os | |
soldados se mantêm em calma quando o fogo se inicia, espera e não | |
ataques. Quando o fogo alcança seu ponto álgido, segue-o, se podes; se | |
não, espera. | |
Em geral, o fogo se utiliza para semear a confusão no inimigo e | |
assim poder atacar-lhe. | |
Quando o fogo pode ser prendido em campo aberto, não esperes | |
para fazê-lo em seu interior; faça-o quando seja oportuno. | |
Quando o fogo for atiçado pelo vento, não ataques em direção | |
contraria a ele. | |
Não é eficaz lutar contra o ímpeto do fogo, porque o inimigo lutará | |
neste caso até a morte. | |
Se soprou vento durante o dia, à noite amainará. | |
Um vento diurno cessará ao anoitecer; um vento noturno cessará | |
ao amanhecer. | |
Os exércitos devem saber que existem variantes das cinco classes | |
de ataques mediante o fogo, e adaptar-se a estas de maneira racional. | |
Não basta saber como atacar os demais com o fogo, é necessário | |
saber como impedir que os demais te ataquem a ti. | |
Assim, pois, a utilização do fogo para apoiar um ataque significa | |
claridade, e a utilização da água para apoiar um ataque significa força. | |
A água pode cortar a comunicação, porém não pode arrasar. | |
52 | |
A água pode ser usada para dividir um exército inimigo, de | |
maneira que sua força se desuna e a tua se fortaleça. | |
Ganhar combatendo ou levar a cabo um assédio vitorioso sem | |
recompensar a os que tenham méritos traz má fortuna e se faz | |
merecedor de ser chamado avaro. Por isso se disse que um governo | |
esclarecido tem em conta que um bom mando militar recompensa o | |
mérito. Não mobiliza a suas tropas quando não há vantagens que obter: | |
não atuam quando não há nada que ganhar, nem lutam quando não | |
existe perigo. | |
As armas são instrumentos de mal augúrio, e a guerra é um | |
assunto perigoso. | |
É indispensável impedir uma derrota desastrosa, e portanto, não | |
vale a pena mobilizar um exército por razões insignificantes: as armas | |
só devem ser usadas quando não existe outro remédio. | |
Um governo não deve mobilizar um exército por ira, e os chefes | |
militares não devem provocar a guerra por cólera. | |
Atua quando seja benéfico; em caso contrário, desiste. A ira pode | |
converter-se na alegria e a cólera pode converter-se em prazer, porém | |
um povo destruído não pode renascer, e a morte não pode converter- se | |
em vida. Em consequência, um governo esclarecido presta atenção a | |
tudo isto, e um bom mando militar o tem em conta. Esta é a maneira de | |
manter à nação a salvo e de conservar intacto a seu exército. | |
53 | |
Sobre o uso de espiões | |
Uma operação militar significa um grande esforço para o povo, e a | |
guerra pode durar muitos anos para obter uma vitória de um dia. | |
Assim, pois, falar em conhecer a situação dos adversários para | |
economizar nos gastos para investigar e estudar a oposição é | |
extremadamente inumano, e não é típico de um bom chefe militar, de | |
um conselheiro de governo, nem de um governante vitorioso. Portanto, | |
o que possibilita um governo inteligente e um mando militar sábio | |
vencer os demais e lograr triunfos extraordinários com essa informação | |
essencial. | |
A informação prévia não se pode obter de fantasmas nem espíritos, | |
nem se pode ter por analogia, nem descobrir mediante cálculos. Deve se | |
obter de pessoas; pessoas que conheçam a situação do adversário. | |
Existem cinco classes de espiões: o nativo, o interno, o duplo | |
agente, o liquidável, e o flutuante. Quando todos estão ativos, ninguém | |
conhece suas rotas: a isto se lhe chama gênio organizativo, e se aplica | |
ao governante. | |
Os espiões nativos se contratam entre os habitantes de uma | |
localidade. Espiões internos se contratam entre os funcionários | |
inimigos. Os agentes duplos se contratam entre os espiões inimigos. Os | |
espiões liquidáveis transmitem falsos dados aos espiões inimigos. Os | |
espiões flutuantes voltam para trazer informes. | |
Entre os funcionários do regime inimigo, se acham aqueles com os | |
quais se pode estabelecer contato e os que se pode subornar para | |
averiguar a situação de seu país e descobrir qualquer plano que se | |
trame contra ti, também podem ser utilizados para criar desavenças e | |
desarmonia. | |
Em consequência, ninguém nas forças armadas é tratado com | |
tanta familiaridade como os espiões, nem ninguém recebe recompensas | |
tão grandes como a eles, nem há assunto mais secreto que a | |
espionagem. | |
Se não se trata bem os espiões, podem converter-se em renegados | |
e trabalhar para o inimigo. | |
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Não se podem utilizar a os espiões sem sagacidade e conhecimento; | |
não pode servir- se de espiões sem humanidade e justiça, não se pode | |
obter a verdade dos espiões sem sutileza. Certamente, é um assunto | |
muito delicado. Os espiões são úteis em todas partes. | |
Cada assunto requer um conhecimento prévio. | |
Se algum assunto de espionagem é divulgado antes que o espião | |
seja informado, este e o que o divulgou devem ser eliminados. | |
Sempre que queiras atacar a um exército, assediar uma cidade ou | |
atacar uma pessoa, deves de conhecer previamente a identidade dos | |
generais que a defendem, de seus aliados, seus visitantes, suas | |
sentinelas e de seus criados; assim, pois, faz que teus espiões averiguem | |
tudo sobre eles. | |
Sempre que vais atacar e combater, deves conhecer primeiro os | |
talentos dos servidores do inimigo, e assim podes enfrentá-los segundo | |
suas capacidades. | |
Deves buscar agentes inimigos que tenham vindo espionar, | |
suborná-los e induzi-los a passar para teu lado, para poder utilizá-los | |
como agentes duplos. Com a informação obtida desta maneira, podes | |
encontrar espiões nativos e espiões internos para contratá-los. Com a | |
informação obtida destes, podes fabricar informação falsa servindo-te | |
de espiões liquidáveis. Com a informação assim obtida, podes fazer que | |
os espiões flutuantes atuem segundo os planos previstos. | |
É essencial a um governante conhecer as cinco classes de | |
espionagem, e este conhecimento depende dos agentes duplos; assim, | |
estes devem ser bem tratados. Assim, só um governante brilhante ou | |
um general sábio que possa utilizar os mais inteligentes para a | |
espionagem, pode estar seguro da vitória. A espionagem é essencial | |
para as operações militares, e os exércitos dependem dela para levar a | |
cabo suas ações. | |
Não será vantajoso para o exército atuar sem conhecer a situação | |
do inimigo, e conhecer a situação do inimigo não é possível sem a | |
espionagem. | |
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Princípios da arte da guerra | |
"Todas as espécies de conflitos são formas de Guerra" | |
1 - Se você não conhece o inimigo nem a si mesmo, perderá todas | |
as batalhas. | |
2 - A Arte da Guerra é uma questão de vida ou morte, um caminho | |
para a Segurança como para a Ruína. Em nenhuma circunstância deve | |
ser negligenciada... | |
3 - O Mérito Supremo consiste em quebrar a resistência do inimigo | |
sem lutar... A Glória Suprema é quebrar a resistência do inimigo sem | |
lutar. | |
4 - Apenas gostar ou usar muito de palavras não basta, é preciso | |
saber transformá-las em Atos e Ação. | |
5 - Preparar iscas para atrair o inimigo, fingir desorganização e | |
depois esmagá-lo... Quando perto, fazê-lo acreditar que estamos longe. | |
Quando longe, vice-versa... Se ele for superior, evite combater. Se ele for | |
temperamental, procure irritá-lo. Finja estar fraco, ele se tornará | |
arrogante. Se ele estiver tranquilo, não lhe dê sossego. Ataque onde e | |
quando ele se mostrar despreparado. Apareça quando não estiver sendo | |
esperado. | |
6 - O Valor do Tempo – vale mais que superioridade numérica. | |
7 - Será vencedor quem souber quando e como lutar, não lutar, | |
manobrar, preparar, e quem tiver capacidade militar, não sofrendo a | |
interferência do Soberano... | |
8 - O verdadeiro mérito é planejar secretamente, deslocar-se | |
rapidamente e frustrar as intenções do inimigo, impedindo seus planos. | |
9 - O guerreiro inteligente é alguém que não apenas vence, mas se | |
sobressai vencendo com facilidade. | |
10 - O guerreiro vence os combates não cometendo erros, pois | |
significa conquistar um inimigo já derrotado. | |
11 - O guerreiro hábil coloca-se numa posição que torna a derrota | |
impossível e NÃO perde a oportunidade de aniquilar o inimigo. | |
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12 - A qualidade da decisão é como a calculada arremetida de um | |
falcão, o bom combatente deve ser flexível no seu ataque e rápido na | |
decisão. | |
13 - A energia é comparada ao retirar de uma besta. A decisão, ao | |
acionar de um gatilho. | |
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